
- Empresa multiplicou por quase 19 vezes seu valor em duas décadas, frente a 475% do Ibovespa.
- Estrutura de capital pulverizada obriga excelência em governança e metas ESG integradas.
- Investimentos em inovação, diversidade e digitalização somam R$ 3,3 bilhões desde 2021.
Enquanto diversas empresas brasileiras fecharam capital, perderam investidores ou enfrentaram crises de governança, a Lojas Renner seguiu na contramão e se tornou um raro exemplo de sucesso. Nesse sentido, em 2025, a varejista celebra 20 anos como corporation — modelo no qual nenhuma pessoa ou grupo detém o controle da empresa e 100% das ações circulam livremente no mercado.
Nesse formato, aliado a metas públicas, diversidade e governança independente, não apenas garantiu longevidade ao negócio, como também impulsionou seus resultados. Desse modo, as ações da companhia subiram cerca de 1.850% desde 2005, desempenho que supera em quase quatro vezes o Ibovespa no mesmo período.
Modelo inovador atrai milhares de acionistas
A decisão de se tornar uma corporation foi pioneira no varejo brasileiro e, segundo o CEO Fabio Faccio, exigiu da empresa uma postura diferente desde o início. “Sabíamos que seria necessário adotar as melhores práticas de governança para corresponder às expectativas do mercado”, afirmou o executivo, que está há 26 anos na companhia.
Na prática, isso significou operar com total transparência e prestar contas não a um dono, mas a mais de 102 mil acionistas. Em 2005, esse número era de apenas 800. Além disso, hoje, grandes gestoras como BlackRock, ARGA e Schroder figuram entre os principais investidores da empresa — e isso, segundo Faccio, demonstra que o mercado reconhece a consistência de quem entrega valor de forma responsável.
A valorização expressiva das ações é apenas parte da história. A companhia distribuiu mais de R$ 633 milhões em proventos apenas em 2024. Portanto, para o CEO, isso reflete um modelo sustentável, que combina crescimento financeiro com geração de valor para todos os públicos: investidores, consumidores, colaboradores e parceiros.
Governança firme e metas ESG integradas
A estrutura de governança da Renner é considerada uma das mais sólidas da B3. O conselho de administração é 100% composto por membros independentes e conta com comitês especializados em Sustentabilidade, Estratégia, Riscos e Pessoas. Além disso, três dos oito conselheiros são mulheres, índice que coloca a varejista entre as poucas com representatividade feminina expressiva.
Ademais, desde 2021, a remuneração da diretoria executiva passou a estar vinculada a metas ESG. Hoje, as mulheres ocupam 40% dos cargos de liderança, e a empresa integrou essas diretrizes sustentáveis à sua cultura. “Não se trata de ações isoladas, mas de metas transversais aplicadas a todas as áreas”, explicou Faccio.
A Renner também inovou em governança com iniciativas como a criação de um manual para acionistas, em 2006, e a implantação de uma secretaria de governança corporativa, em 2018. Por fim, essas medidas ajudaram a consolidar a imagem de uma empresa comprometida com transparência e responsabilidade de longo prazo.
Crescimento apoiado em dados, tecnologia e cultura
De 2005 até hoje, a Renner saltou de 60 para cerca de 680 lojas, ampliou sua receita de R$ 1,5 bilhão para R$ 18,4 bilhões e diversificou suas marcas, incluindo Camicado, YouCom, Ashua e Realize. Esse avanço, no entanto, só foi possível graças a um plano robusto de investimentos em inovação e digitalização.
A partir de 2019, a varejista iniciou o maior ciclo de aportes de sua história. Entre 2021 e 2024, foram investidos R$ 3,3 bilhões em tecnologia, dados e inteligência artificial. Além disso, para 2025, estão previstos mais R$ 850 milhões. Os recursos permitiram maior precisão na gestão de coleções, precificação e integração dos canais online e físico.
Segundo Carlos Souto, presidente do conselho, o setor exige adaptação constante. “O varejo não será o mesmo amanhã. Estamos sempre nos desafiando para evoluir”, afirmou. Desse modo, a empresa também acelera o cumprimento de metas de moda responsável até 2030, como o aumento de lideranças negras e o controle socioambiental da cadeia de fornecedores.