
- Meta aposta em óculos inteligentes como sucessores do smartphone
- Falhas técnicas em evento expõem riscos da estratégia de Zuckerberg
- Parcerias e foco em IA buscam consolidar liderança no mercado global
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, apresentou na quarta-feira (17) os óculos inteligentes Meta Ray-Ban Display, primeiro modelo da empresa com tela integrada. Vendidos a partir de US$ 799, os óculos exibem mensagens, chamadas de vídeo e respostas do assistente de IA diretamente nas lentes, controlados por uma pulseira que capta movimentos da mão.
Zuckerberg classificou o acessório como “o primeiro dispositivo neural mainstream” e um passo central na estratégia de transformar wearables em substitutos dos smartphones, dentro da ambição de levar a Meta à chamada “superinteligência” — uma inteligência artificial superior à humana.
Aposta bilionária em IA
Após o fracasso do metaverso, que consumiu bilhões sem adesão do público, Zuckerberg reposiciona a Meta como potência de IA. A criação do Meta Superintelligence Lab, reestruturação interna e bônus milionários a pesquisadores de rivais como Google e OpenAI são parte desse movimento.
O lançamento do Meta Ray-Ban Display é a vitrine dessa estratégia, mas também um teste arriscado. O preço elevado e a promessa de substituir smartphones colocam a Meta diretamente no caminho da disputa com gigantes como Apple e Microsoft.
Ainda assim, a visão de Zuckerberg é clara: criar um ecossistema no qual dispositivos vestíveis se tornem a principal interface entre humanos e a inteligência artificial.
Falhas na estreia
Apesar da apresentação chamativa, os testes ao vivo expuseram limitações. Zuckerberg não conseguiu atender a uma chamada feita pelo CTO Andrew Bosworth, atribuindo a falha ao Wi-Fi.
Outro modelo atualizado da linha Ray-Ban, com melhorias em câmeras e bateria, também não respondeu corretamente a comandos de voz.
Esses erros levantam dúvidas sobre a maturidade da tecnologia e lembram o público dos tropeços da Meta em lançamentos anteriores.
A demonstração reforçou que a corrida pela liderança em IA não se resume a investimentos, mas exige execução precisa.
Expansão e parcerias
Para ampliar alcance, a Meta firmou parceria com a Oakley no desenvolvimento de óculos esportivos, integrados a aplicativos fitness quando conectados a dispositivos da Garmin.
A fabricação ficará a cargo da chinesa Goertek, um movimento estratégico, mas controverso, diante do discurso crítico de Zuckerberg contra Pequim em meio às tensões com os EUA.
Se bem-sucedida, a parceria pode levar os óculos inteligentes a novos públicos, mas também expõe a Meta à competição feroz em segmentos de nicho dominados por players especializados.