
- Ouro caiu 1,86% em junho, impactado por trégua entre Irã e Israel e perspectiva de crescimento global.
- Mesmo com alta de 0,61% nesta segunda, metal perdeu fôlego como ativo de segurança.
- Projeções indicam que o ouro pode recuar mais, mas ainda será influenciado por juros e dólar.
O ouro, tradicionalmente considerado um porto seguro em tempos de crise, encerrou o mês de junho com queda de 1,86%, após o arrefecimento das tensões entre Irã e Israel.
Sendo assim, mesmo com a leve alta desta segunda-feira (30), quando o contrato para agosto avançou 0,61% e fechou a US$ 3.307,70 por onça-troy, o metal viu sua trajetória de valorização perder força diante do novo cenário global.
Tensão global diminui e tira força do ouro
Ao longo do primeiro semestre, o ouro acumulou ganhos expressivos, impulsionado pela escalada geopolítica no Oriente Médio, o enfraquecimento do dólar e as expectativas de corte nos juros americanos. No entanto, nas últimas semanas, o cenário mudou. O cessar-fogo entre Irã e Israel, somado a uma melhora nas projeções econômicas globais, reduziu o apetite por ativos defensivos.
Ademais, analistas do Citi destacam que os preços do ouro foram “moderados” na segunda quinzena de junho. Com a perspectiva de crescimento dos EUA em ligeira alta, investidores começaram a migrar para ativos de risco, como ações e commodities ligadas ao ciclo econômico. O avanço do projeto orçamentário republicano e possíveis acordos comerciais de Donald Trump também influenciaram esse movimento.
Apesar disso, especialistas afirmam que o ouro ainda atrai compras em momentos de correção. Segundo a corretora Trade Nation, a commodity continua despertando interesse nas baixas, embora o mercado esteja mais cauteloso. “É difícil prever os próximos passos. Quem não tiver convicção clara pode ser melhor ficar de fora por enquanto”, afirma a corretora.
Juro americano e dólar ainda moldam expectativas
O dólar, embora em queda nesta segunda, ainda influencia diretamente a trajetória do ouro. Com a moeda americana mais fraca, o metal tende a ganhar competitividade frente a outras divisas, já que seu preço é cotado em dólares. Esse movimento ajudou a sustentar a alta pontual de hoje, apesar da pressão acumulada ao longo do mês.
Além disso, outro fator em foco é o Federal Reserve. Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, declarou nesta segunda que projeta até três cortes nos juros dos EUA apenas em 2026. A sinalização adia as esperanças do mercado de uma política monetária mais branda no curto prazo, o que também influencia a demanda por ouro.
Desse modo, com os rendimentos dos títulos do Tesouro ainda elevados, o ouro enfrenta uma concorrência mais direta como reserva de valor. Portanto, quando os juros sobem, ativos que não oferecem rendimento fixo, como o ouro, tendem a perder atratividade.
Perspectivas divididas para o segundo semestre
O Citi prevê que o ouro poderá operar entre US$ 2.500 e US$ 2.750 por onça-troy até o segundo semestre de 2026, sugerindo uma correção gradual em relação aos atuais níveis elevados. A projeção indica que, mesmo com perdas recentes, o metal ainda está acima das médias históricas.
Ademais, a entrada de novos eventos geopolíticos ou reações inesperadas nos mercados pode alterar novamente o humor dos investidores. Até lá, o ouro deve oscilar conforme o ritmo da economia global, o comportamento do dólar e os ajustes da política monetária norte-americana.
Desse modo, embora o clima geopolítico esteja mais calmo no momento, muitos analistas ainda consideram prudente manter o ouro como proteção de carteira. Por fim, volatilidade e incertezas fiscais nos EUA e Europa podem reacender o interesse por segurança.