
- Ouro rompeu US$ 4.000 pela primeira vez e renovou recordes, chegando a US$ 4.063,40.
- Paralisação do governo dos EUA e compras da China sustentam a escalada do metal.
- Riscos geopolíticos e guerra comercial reforçam demanda por ativos de proteção.
O ouro segue em trajetória de alta e voltou a renovar recordes históricos nesta quarta-feira (8). O contrato futuro para dezembro chegou a ser cotado a US$ 4.063,40 por onça-troy, apenas um dia após ter superado pela primeira vez a marca simbólica de US$ 4.000.
A valorização acontece em um ambiente de incerteza global. Investidores buscam proteção diante da paralisação do governo dos EUA, que já dura oito dias, além das compras contínuas do banco central da China, que acumula 11 meses seguidos de aquisição de ouro, mesmo com preços recordes.
Crise nos EUA e corrida por ativos seguros
O impasse no Congresso americano para resolver o orçamento federal mantém o governo paralisado e pressiona os mercados globais. Esse cenário aumentou a busca por ativos considerados porto seguro, como o ouro, que vem registrando entradas expressivas de investidores institucionais.
Enquanto a incerteza política cresce, o dólar perdeu força em parte dos mercados emergentes, o que favorece ainda mais a demanda pelo metal precioso. Além disso, a percepção de risco fiscal reforça a expectativa de que o Federal Reserve terá de adotar medidas mais cautelosas nos próximos meses.
O resultado foi uma disparada rápida. Apenas no intraday de hoje, o ouro subiu mais de 1,4%. O metal consolidou-se como principal ativo de proteção em 2025.
China reforça posição estratégica no mercado
Outro fator central para a escalada do ouro vem da China. O PBoC (Banco Popular da China) ampliou suas compras pelo 11º mês consecutivo em setembro, sinalizando que a segunda maior economia do mundo continua a fortalecer suas reservas, mesmo em níveis recordes de preços.
Além disso, essa postura reforça a visão de que Pequim enxerga o ouro não apenas como proteção cambial, mas também como ferramenta estratégica diante da rivalidade com os Estados Unidos. O movimento, inclusive, pode estar associado à busca por maior autonomia frente ao dólar.
Portanto, segundo analistas do ING, a continuidade dessa política chinesa tende a sustentar os preços do metal em patamares elevados por mais tempo, mantendo a pressão de compra global.
Geopolítica aquece a demanda
Além da crise americana e do fator China, os riscos geopolíticos seguem fortes. A guerra comercial conduzida pelo presidente Donald Trump elevou as tensões nas cadeias globais de comércio, ampliando a aversão ao risco dos investidores.
Somam-se ainda conflitos regionais e instabilidades políticas em diferentes pontos do mundo, o que aumenta o apelo do ouro como proteção. Ademais, em tempos de incerteza, o ativo tende a se valorizar como refúgio contra choques externos.
Por fim, com isso o metal permanece em destaque como um dos principais instrumentos de diversificação de portfólio, reduzindo riscos diante das turbulências no cenário internacional.