- A valorização do metal é impulsionada por cortes de juros do Fed, demanda por ativos seguros e compras de bancos centrais
- Enquanto o ouro segue em alta, metais como cobre, zinco e minério de ferro enfrentam dificuldades devido à desaceleração econômica da China
- O ouro pode continuar em ascensão, enquanto outros metais enfrentam desafios devido à incerteza global e à desaceleração econômica
O ouro tem se destacou em 2024 com uma valorização impressionante de 27%, atingindo US$ 2.657 por onça.
O metal precioso está em trajetória para registrar um dos seus maiores avanços anuais neste século, impulsionado por uma combinação de fatores econômicos globais.
Dessa forma, incluindo o ciclo de cortes de juros do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, a crescente demanda por ativos considerados seguros e uma forte onda de compras realizadas por bancos centrais ao redor do mundo.
Corte de juros e demandas
Em um cenário de flexibilização monetária nos EUA, com o Fed realizando cortes sucessivos na taxa de juros, o ouro tem se tornado cada vez mais atraente para investidores que buscam proteção contra a inflação e incertezas econômicas.
Com a taxa de juros mais baixa, o custo de oportunidade de manter ouro, que não gera rendimentos, diminui. Assim, tornando-o uma alternativa mais vantajosa em tempos de volatilidade nos mercados financeiros.
Além disso, a procura por ativos mais seguros tem sido uma constante, especialmente em um ano marcado por incertezas geopolíticas. Como a guerra em várias partes do mundo e o risco de desaceleração econômica global.
Além disso, bancos centrais, preocupados com a inflação e a instabilidade nos mercados financeiros, têm aumentado suas reservas de ouro. O que também tem contribuído para a pressão de alta no preço do metal.
Desempenho
David Scutt, analista da StoneX Group, destacou que o desempenho do ouro foi “notável e implacável”. Ainda, tornando-se uma das maiores surpresas do mercado em 2024.
“O jogo do ouro parece ter mudado”, afirmou o analista, apontando que os ganhos do metal. Apesar de um dólar mais forte e do aumento dos rendimentos reais dos títulos do Tesouro dos EUA, são sinais de uma mudança nas dinâmicas do mercado de commodities.
Embora o ouro tenha se destacado, outros metais enfrentaram um desempenho misto em 2024.
O mercado de metais básicos, como cobre e zinco, foi afetado por uma desaceleração econômica prolongada na China, principal consumidor desses metais.
Embora o Índice LMEX da Bolsa de Metais de Londres tenha mostrado um modesto ganho anual, a demanda chinesa fraca impactou a performance desses metais. Assim, com lampejos de estresse de oferta, especialmente nos casos de cobre e zinco, que podem continuar a pressionar os preços em 2025.
Outros componentes
O minério de ferro, outro grande componente do mercado de metais, também enfrentou um ano difícil. A fraca atividade de construção na China, que é a maior produtora de aço do mundo, prejudicou a demanda por minério de ferro.
Em 2024, os preços do minério de ferro caíram cerca de 28%, à medida que a indústria siderúrgica chinesa enfrenta uma crise com pouca perspectiva de recuperação imediata.
Além disso, o mercado de lítio, utilizado principalmente na fabricação de baterias para veículos elétricos, também está em declínio.
O excesso de oferta global, agravado pela turbulência na indústria de veículos elétricos, fez com que os preços do lítio sofressem uma queda acentuada, colocando o metal no caminho para um segundo ano de declínio significativo.
O ouro e o mercado de metais
O desempenho do ouro em 2024, ao contrário dos metais básicos, mostra que o mercado de metais preciosos pode ter uma dinâmica distinta no futuro próximo.
Para 2025, investidores estarão atentos à política monetária dos EUA, aos potenciais atritos da presidência de Donald Trump e aos esforços da China para reavivar o crescimento econômico.
A demanda por ativos seguros pode continuar a impulsionar o ouro, enquanto os metais básicos podem enfrentar desafios adicionais devido à desaceleração global.
Em um cenário global de incertezas, o ouro se estabelece como um dos ativos mais cobiçados e, com o suporte de políticas monetárias expansionistas e compras de bancos centrais, pode continuar a brilhar em 2025, desafiando as condições econômicas adversas que afetam outros metais.