
- Ouro e prata atingem máximas históricas, mas o Goldman vê risco maior para a prata.
- Banco prevê alta moderada no médio prazo, com forte volatilidade no curto.
- Ouro segue favorecido por compras dos bancos centrais, enquanto a prata depende de fluxo privado.
O ouro e a prata voltaram a brilhar nos mercados internacionais em meio a um cenário de tensões geopolíticas e incertezas econômicas. Ambos os metais atingiram novos recordes nesta terça-feira (14), impulsionados pela busca global por ativos de proteção.
No entanto, o Goldman Sachs fez um alerta importante. Em relatório recente, o banco afirmou que, embora a prata deva continuar subindo no médio prazo, o metal carrega risco maior e maior volatilidade que o ouro, justamente por ter mercado menor e menos líquido.
Máximas históricas na bolsa
Na Comex, divisão de metais da Nymex (Bolsa de Nova York), o ouro para dezembro fechou em alta de 0,73%, cotado a US$ 4.163,4 por onça-troy, após tocar US$ 4.190,90 durante a sessão — seu maior valor histórico.
A prata, também para dezembro, avançou 0,38%, para US$ 50,62, atingindo US$ 52,49 no pico do pregão, maior cotação em 45 anos, segundo dados da Dow Jones Newswires. Esse movimento reflete a forte demanda por metais de refúgio diante das novas tarifas comerciais impostas pelos EUA.
Mesmo assim, o Goldman Sachs pondera que a recente valorização pode ter sido ampliada por restrições temporárias de liquidez, e que parte dessa pressão tende a se dissipar à medida que o fluxo de metais se normalize entre os mercados.
Visão do Goldman sobre ambos
Os analistas Lina Thomas e Daan Struyven, do Goldman Sachs, explicam que tanto o ouro quanto a prata são impulsionados por fluxos de investimento privado, mas o ouro tem uma vantagem decisiva: a demanda estrutural dos bancos centrais.
Segundo o relatório, a entrada de 1.000 toneladas de prata via ETFs ou posições especulativas costuma elevar o preço do metal em 1,6%, o que demonstra alta sensibilidade a movimentações de capital. No entanto, como o mercado é cerca de nove vezes menor que o do ouro, a volatilidade é muito maior.
O Goldman também aponta que o ouro se desvinculou da prata desde 2022. Isso ocorreu porque os bancos centrais aumentaram suas compras de ouro como reserva de valor, mantendo os preços elevados mesmo com baixa liquidez. Já a prata, sem esse suporte institucional, depende quase exclusivamente de investidores privados.
Risco estrutural e liquidez limitada
O banco destaca que a alta recente da prata, de 35% desde agosto, foi impulsionada por escassez de oferta física. Em Londres, o principal centro global de negociação, os estoques diminuíram com o aumento da demanda por ETFs e o redirecionamento do metal para os Estados Unidos.
Essa escassez, contudo, tende a se normalizar com o tempo, conforme preços mais altos em Londres incentivam o retorno de remessas internacionais. Com isso, a liquidez deve ser restaurada, reduzindo o impacto dos fluxos especulativos.
Ainda assim, o Goldman reforça que qualquer redução nas compras privadas pode gerar correções rápidas nos preços da prata. Sem apoio de bancos centrais, o metal fica vulnerável a movimentos de venda e a ciclos de curto prazo.
Por que o ouro é mais seguro
Na avaliação do Goldman Sachs, o ouro mantém vantagem estrutural sobre a prata por três motivos principais. Primeiro, é cerca de 10 vezes mais raro e 80 vezes mais valioso, o que o torna mais adequado para reservas internacionais.
Segundo, o ouro possui reconhecimento institucional, sendo aceito pelo FMI e amplamente presente nas carteiras de bancos centrais, diferentemente da prata, que tem forte exposição industrial e comportamento pró-cíclico.
Por fim, mesmo que o ouro esteja “caro”, os bancos centrais gerenciam valor, não volume. Assim, continuam comprando pequenas quantidades para manter o nível de alocação em dólares, garantindo suporte permanente aos preços.
Prata ainda tem potencial
Apesar dos riscos, o Goldman Sachs acredita que a prata deve continuar valorizando no médio prazo. O movimento de cortes de juros do Federal Reserve (Fed) tende a atrair novos investidores, impulsionando novamente os ETFs de metais preciosos.
Contudo, a instituição lembra que a prata é mais especulativa e volátil. Isso significa que, embora o potencial de valorização exista, as correções de preço podem ser intensas.
A demanda industrial, especialmente do setor solar, segue como um suporte secundário. Ainda assim, o banco alerta que a eficiência crescente dos painéis solares está reduzindo o uso de prata por gigawatt, o que limita esse fator de sustentação.