
- Novo Nordisk cortou em 50% o preço do Ozempic para pagamentos à vista nos EUA.
- Pressão de Trump reacende debate sobre valores abusivos de medicamentos.
- Ações da empresa dispararam 7,5% e aumentaram a pressão sobre a Eli Lilly.
O anúncio da Novo Nordisk nesta segunda-feira (18) deixou o setor de saúde em alerta. A companhia dinamarquesa informou que cortará quase pela metade o preço do Ozempic para pacientes que pagarem à vista nos Estados Unidos.
A novidade chega em um momento em que a pressão política aumenta sobre a indústria, com Donald Trump e legisladores cobrando reduções de preços. O movimento coloca ainda mais fogo na rivalidade com a Eli Lilly, que elevou valores de seu concorrente na Europa.
Pressão política e reviravolta no setor
O corte acontece após anos de discussões sobre o alto custo dos remédios para diabetes e emagrecimento. Trump enviou cartas diretamente às farmacêuticas, exigindo providências. Ele tem usado o preço do Ozempic como símbolo de um mercado considerado abusivo.
Além disso, o governo Biden já havia tentado forçar a queda de valores, mas sem sucesso. Agora, a decisão da Novo Nordisk surge como resposta prática, mesmo que a empresa negue ligação direta com pressões oficiais. Segundo a companhia, o objetivo é ampliar o acesso para quem não tem seguro de saúde.
Portanto, o anúncio também reacende a disputa com a americana Eli Lilly, que recentemente subiu preços em até 170% no Reino Unido. A estratégia diferente das duas gigantes pode mudar os rumos do setor.
Mercado reage em alta
A notícia repercutiu imediatamente entre investidores. As ações da Novo Nordisk subiram 7,5% na bolsa de Copenhague, registrando a maior alta da sessão.
Além disso, o movimento somou-se ao rali da semana passada, quando o Wegovy, medicamento irmão do Ozempic, recebeu aprovação da FDA para tratar doença hepática grave. Analistas já falam em um “novo ciclo de crescimento” para a farmacêutica.
Desse modo, apesar da euforia, especialistas alertam que o impacto real nos bolsos dos pacientes é incerto. Nos EUA, o preço final quase sempre depende de negociações com seguradoras e farmácias.
O desafio da acessibilidade
A empresa argumenta que a nova tabela dará mais oportunidade a quem paga do próprio bolso. Dave Moore, chefe de operações da Novo nos EUA, afirmou que “nenhum paciente deveria recorrer a versões inseguras de imitação por falta de acesso”.
Ademais, a fala ocorre após denúncias de circulação de cópias não aprovadas em mercados paralelos. Para a Novo, reduzir preços é também uma forma de proteger os consumidores.
Por fim, críticos lembram que o problema estrutural continua: os EUA seguem como o país com os medicamentos mais caros do mundo, em comparação a Europa e Ásia.