
- A rentabilidade real de 7% ao ano ainda aparece raramente na história do Tesouro IPCA+
- Títulos longos, como o IPCA+ 2040 e 2060, oferecem oportunidade de garantir juros elevados
- Queda futura da Selic deve reduzir as taxas, mas cenário atual segue atrativo para investidores de longo prazo
O investidor acostumado com o cenário recente de juros altos pode nem perceber, mas a remuneração real acima de 7% ao ano nos títulos do Tesouro IPCA+ ainda é considerada rara na história. Essa taxa, que reflete ganho acima da inflação, só esteve disponível em determinados períodos e, na maior parte do tempo, foi exceção no mercado.
Segundo levantamento da Quantum Finance, que analisou os papéis entre setembro de 2015 e setembro de 2025, os títulos mais longos oferecem hoje uma oportunidade única de travar rentabilidade elevada para o longo prazo. Para quem busca proteção contra inflação, esse patamar é visto como uma chance que dificilmente se repetirá quando a política monetária começar a afrouxar.
Histórico mostra raridade dos 7% reais
Nos títulos mais recentes, como o Tesouro IPCA+ 2040, em 86,27% dos dias de negociação a taxa foi igual ou superior a 7%. Já no Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2060, o número é ainda maior: 92,81% dos dias.
Por outro lado, o histórico de papéis mais antigos revela como esse juro elevado não é comum. O Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035 registrou apenas 11,81% dos pregões com taxa superior a 7%. O IPCA+ 2045, já substituído, alcançou esse patamar em apenas 7,91% dos dias de negociação.
Essa diferença ilustra por que muitos especialistas consideram que o momento atual abre uma janela rara para o investidor travar retornos mais altos no longo prazo.
Quais títulos ainda pagam acima de 7%?
Hoje, quase todos os papéis de inflação disponíveis no Tesouro Direto remuneram acima de 7% ao ano, além da correção pelo IPCA. Entre eles estão:
- Tesouro IPCA+ 2029: IPCA + 7,74%
- Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035: IPCA + 7,47%
- Tesouro IPCA+ 2040: IPCA + 7,05%
- Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045: IPCA + 7,19%
- Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2060: IPCA + 7,15%
A exceção é o Tesouro IPCA+ 2050, que paga IPCA + 6,95% ao ano.
Selic e futuro das taxas
Especialistas projetam que a provável queda da Selic a partir de 2026 deve reduzir os prêmios pagos pelos títulos públicos. Contudo, a queda abaixo dos 7% não deve ocorrer no curtíssimo prazo.
Para Marisa Rossignoli, conselheira do Corecon-SP, o investidor que tem capital disponível pode aproveitar o momento para garantir uma remuneração elevada no longo prazo.
“A perspectiva de redução da Selic é real, mas nunca uma certeza. Por isso, é essencial avaliar a carteira e ponderar se faz sentido migrar parte do portfólio para o Tesouro IPCA+ agora”, afirma.