O mercado de fundos imobiliários (FIIs) deverá enfrentar um cenário desafiador em 2025, com uma tendência de alta nas taxas de juros. Instituições financeiras como JPMorgan e Bradesco BBI já projetam a Selic na faixa dos 15% ao ano, o que impacta diretamente os FIIs, que tendem a perder atratividade frente à renda fixa, cujas taxas de retorno se tornam mais competitivas. Este ambiente de juros elevados, segundo especialistas, pode resultar em uma maior cautela tanto de gestores quanto de investidores.
Gestores preveem menor confiança nos FIIs
Uma pesquisa realizada pela Empiricus com 21 gestoras de FIIs, publicada pela Bloomberg Línea, revelou um cenário pessimista em relação às perspectivas do setor para 2025. O levantamento aponta que o grau de confiança dos gestores nos FIIs entrou em território negativo, com projeções de aumento na competitividade com a renda fixa. Além disso, espera-se maior volatilidade e aumento nos descontos dos produtos, o que pode afetar diretamente a captação de recursos.
De acordo com a pesquisa, o “setor sairá bastante afetado” pelas mudanças nas condições do mercado, com uma janela de captação mais restrita. Os gestores devem adotar uma postura mais seletiva, priorizando fundos de maior qualidade e com melhor track record, enquanto os mais alavancados podem sofrer dificuldades na busca por novas oportunidades.
Setores de fundos imobiliários: expectativas mistas
Dentro dos FIIs, os gestores mantêm otimismo com algumas categorias, como os fundos de crédito (CRIs), fundos de compras e de renda urbana, que registraram o maior grau de confiança. Esses fundos são geralmente preferidos em períodos de juros altos devido à sua menor volatilidade e à possibilidade de indexação das operações ao IPCA e ao CDI, o que pode garantir uma rentabilidade mais atrativa.
Em contrapartida, os fundos de agronegócio, escritórios e residenciais para renda apresentam um cenário mais desafiador. No caso dos fundos de agronegócio, o ceticismo é alimentado pelos recentes eventos de recuperação judicial, como o caso da Agrogalaxy, uma das principais distribuidoras de insumos agrícolas do Brasil. A empresa entrou em recuperação judicial com um passivo de R$ 4,6 bilhões em setembro, o que reflete os riscos enfrentados pelo setor.
Perspectivas para o setor de escritórios e o agronegócio
Os fundos de escritórios enfrentam desafios adicionais, especialmente aqueles com portfólios de menor qualidade ou localizados em regiões menos procuradas. A expectativa é de que esses ativos sofram com a estagnação nos preços e devoluções de contratos em 2025, um reflexo do aumento da vacância no setor e da estagnação da economia.
O agronegócio, por sua vez, ainda é visto com certa cautela, apesar de alguns analistas acreditarem que a desvalorização do real frente ao dólar pode favorecer certos players da cadeia produtiva. No entanto, fatores como mudanças climáticas, sazonalidade da produção e os impactos dos juros altos continuam sendo barreiras para um desempenho mais robusto do setor.
Conclusão: um ano desafiador para os FIIs
Embora o mercado de fundos imobiliários enfrente dificuldades em 2025, as gestoras e os investidores mais experientes podem encontrar oportunidades em meio à volatilidade. Para os fundos de maior qualidade, a janela de investimento ainda pode ser interessante, desde que o rigor na seleção de ativos e na gestão dos riscos seja mantido.