
- Peronismo vence em Buenos Aires com 47% contra 34% da LLA de Milei
- Bradesco BBI projeta derrota governista em outubro e fragilidade no Congresso
- Peso argentino recua para 1.400 no mercado paralelo, bolsa deve cair forte
O governo argentino sofreu um duro revés político nas eleições legislativas da província de Buenos Aires, realizadas em 7 de setembro. O peronismo, pela coligação Fuerza Patria, venceu com 47% dos votos, contra 34% da governista La Libertad Avanza (LLA), de Javier Milei, uma diferença de 13 pontos percentuais não prevista pelas pesquisas.
Nesse sentido, segundo o Bradesco BBI, o resultado elimina qualquer otimismo sobre outubro, quando ocorrerão as eleições nacionais. Para o banco, o cenário base agora é a derrota do governo Milei, com projeções de que a LLA atinja apenas 26,5% dos votos, abaixo do limite necessário para bloquear vetos legislativos.
Impactos imediatos nos mercados
A derrota amplia a incerteza sobre a agenda econômica de Milei e aumenta a expectativa de forte correção nos ativos argentinos. O peso argentino, já pressionado no mercado paralelo, passou a ser negociado a 1.400 por dólar, frente ao fechamento de 1.355 na sexta-feira.
Além disso, operadores apontam que uma queda superior a cinco pontos para o partido de Milei já seria suficiente para desencadear uma liquidação intensa. Logo, se a volatilidade aumentar, o governo poderá intervir no câmbio, conforme o acordo firmado com o FMI.
Desse modo, os investidores da bolsa esperam forte queda nas ações, sobretudo nas mais expostas à economia doméstica e ao câmbio. Títulos soberanos em dólar já acumulavam perdas de 5,5% no último mês, atrás de todos os pares emergentes.
Cenário político em transformação
O resultado fortalece Axel Kicillof, governador peronista de Buenos Aires, como liderança da oposição.
Ademais, a avaliação de analistas é de que o governo Milei perde capacidade de articulação no Congresso, onde mesmo em um cenário otimista não alcançaria sozinho um terço das cadeiras.
Por fim, o Goldman Sachs ressalta que a derrota ocorre em meio a pressões financeiras, inflação em alta, desaceleração econômica e denúncias de corrupção contra membros do governo. Já a Stonex avalia que apenas uma reorganização ministerial poderia conter a derrocada dos preços dos títulos.