
- Petrobras condiciona aporte de capital na Braskem à venda da fatia da Novonor
- Magda Chambriard critica gestão descentralizada e exige maior transparência
- Futuro da petroquímica pode incluir novo sócio, listagem no Novo Mercado ou divisão de ativos
A Petrobras (PETR3, PETR4) deixou claro que só injetará capital na Braskem (BRKM5) caso a Novonor consiga vender sua fatia para um novo investidor. A sinalização foi dada pela presidente da estatal, Magda Chambriard, em entrevista à Bloomberg News, ao reforçar que o objetivo é evitar uma nacionalização da maior petroquímica da América Latina.
Para a executiva, a Novonor, ex-Odebrecht e controladora da Braskem, não tem condições financeiras de aportar recursos, o que torna a entrada de um novo sócio essencial. “Com a situação financeira da Novonor, como ela faria um aporte?”, questionou Magda, lembrando que a empresa ainda carrega os efeitos do escândalo da Lava Jato e de sua longa reestruturação.
Braskem sob pressão
A Braskem atravessa um momento crítico. Além do excesso de capacidade global no setor petroquímico, a companhia sofreu com o desastre ambiental em Alagoas, que custou o grau de investimento e deteriorou sua imagem no mercado.
Mais recentemente, a venda de títulos da empresa aumentou temores sobre aquisições ligadas ao investidor Nelson Tanure, conhecido por mirar ativos em dificuldade.
A Petrobras, segunda maior acionista com 47% das ações ordinárias e 36,1% do capital total, enxerga sinergias estratégicas, especialmente em combustíveis renováveis. Mas, segundo Magda, qualquer novo sócio terá que assumir compromissos claros de governança e transparência com a estatal.
Choque de gestão
O mal-estar aumentou depois que a Petrobras foi surpreendida pela notícia de uma possível venda da unidade de polietileno da Braskem nos EUA para a Unipar Carbocloro.
Magda criticou duramente a descentralização da gestão da petroquímica, que teria avançado em negociações sem consultar um de seus principais acionistas. Segundo ela, a sexta maior petroquímica do mundo não pode falhar por problemas internos de governança.
Nesse cenário, surgem alternativas que vão desde a listagem da Braskem no Novo Mercado da B3, com regras mais rígidas de governança, até uma divisão dos ativos da companhia. Todas ainda em estágios iniciais.
O que está em jogo
A Petrobras enxerga na Braskem um ativo estratégico para o futuro da matriz energética do país. A estatal considera a empresa peça importante dentro de seus planos de longo prazo.
Apesar disso, a posição firme de Magda Chambriard mostra que a Petrobras não aceitará passividade na gestão. Além disso, não pretende ampliar sua exposição sem uma contrapartida clara.
Enquanto isso, a Novonor continua pressionada por credores a vender sua participação. O desfecho dessas negociações pode definir o futuro da Braskem e influenciar diretamente o equilíbrio de forças no setor petroquímico brasileiro.