Análise

Petrobras (PETR3; PETR4) surpreende em leilão do pré-sal e mercado debate: apetite ou cautela?

Estatal elevou participação em Mero e Atapu, com desembolso de R$ 6,97 bilhões, enquanto analistas avaliam impacto em dividendos e estratégia para 2026.

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  • Dividendos devem cair, enquanto expectativa para 2026 inclui novas aquisições.
  • Petrobras desembolsa R$ 6,97 bilhões e amplia fatias em Mero e Atapu com a Shell.
  • Analistas destacam disciplina, mas veem leve apetite acima do previsto pela estatal.

A Petrobras (PETR3; PETR4) reforçou sua presença no pré-sal ao arrematar novas fatias nos campos de Mero e Atapu, em parceria com a Shell, no leilão conduzido pela PPSA. A operação, realizada nesta quinta-feira (4), totalizou R$ 8,8 bilhões, sendo R$ 6,97 bilhões relativos à parcela da Petrobras.

O movimento elevou a participação da estatal em Mero de 38,60% para 41,40%, além de ampliar sua fatia em Atapu, sinalizando, segundo analistas, um apetite ligeiramente maior que o esperado, mas ainda dentro de uma estratégia considerada disciplinada.

Petrobras aumenta participação com lances acima do previsto

Os consórcios com a Shell venceram sem concorrência, pagando pequenos ágios sobre os preços mínimos. Em Mero, o lance foi de R$ 7,79 bilhões, enquanto em Atapu o valor ficou em R$ 1 bilhão.

Tupi não recebeu ofertas, em linha com a postura mais seletiva vista no mercado. Além disso, o incremento nas participações deve adicionar 16 a 18 mil barris/dia à produção da Petrobras, ampliando a relevância do pré-sal em sua carteira.

Segundo o Bradesco BBI, a empresa demonstrou um apetite um pouco maior que o estimado, já que o mercado esperava um desembolso máximo de cerca de US$ 1 bilhão. Mesmo assim, o risco marginal é considerado baixo, pois são campos já em operação. O BBI calcula uma TIR real de 15%, inferior a projetos típicos do pré-sal, porém adequada ao risco reduzido.

Por outro lado, o banco projeta impacto direto nos dividendos: a Petrobras deve anunciar pagamentos menores no 4º tri de 2025, entre US$ 1 bi e US$ 1,5 bi, abaixo dos US$ 2,3 bi do trimestre anterior.

Mercado vê disciplina e parceria com Shell como pontos positivos

Para o JPMorgan, o resultado reforça a estratégia de baixa exposição a risco, já que a estatal atua em áreas que domina tecnicamente. O pagamento de ágio considerado modesto também foi visto como sinal de equilíbrio. Além disso, a decisão de não disputar Tupi foi interpretada como demonstração de disciplina de capital, algo observado com bom humor pelos investidores.

Já o Goldman Sachs afirma que a vitória da Petrobras não surpreende o mercado, dada sua operação consolidada nos mesmos reservatórios. Contudo, a ausência de novas aquisições poderia abrir espaço para revisões positivas nas estimativas de dividendos. O banco mantém recomendação de compra, destacando yield estimado de 9% em 2026, ainda que reconheça riscos ligados ao preço do petróleo no curto prazo.

A assinatura dos contratos está prevista para 4 de março de 2026, e a entrada formal no consórcio ocorrerá em 1º de março de 2027, com pagamentos adicionais condicionados ao preço do Brent acima de US$ 55/barril.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.