
A Petrobras (PETR3)(PETR4) pode anunciar seu retorno ao varejo de combustíveis. Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg News, o conselho de administração da estatal vai discutir nesta semana uma proposta para incluir novamente o setor de distribuição e venda direta ao consumidor no seu plano estratégico para 2026-2030.
O movimento ocorre em meio à insatisfação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da CEO da companhia, Magda Chambriard, com os preços elevados nas bombas, mesmo após sucessivos cortes feitos pela Petrobras nos preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha no atacado.
“Não é possível que a Petrobras anuncie um desconto tão grande no diesel e que esse desconto não chegue ao consumidor”, reclamou Lula em recente evento sobre investimentos em refinarias.
O presidente também criticou o atual modelo de distribuição criado após a privatização da antiga BR Distribuidora, hoje chamada de Vibra Energia (VBBR3): “A Petrobras hoje libera um botijão de gás de 13 quilos por R$ 37 e ele chega à casa de um pobre por R$ 140.”
A ideia de retomar presença direta nos postos de combustíveis pode envolver a recompra da Vibra ou, mais provavelmente, a aquisição de uma fatia da empresa — ou ainda a criação de uma nova rede própria, paralela à atual distribuidora, segundo fontes com conhecimento direto do assunto.
Nada foi confirmado oficialmente até o momento, e a assessoria da Petrobras preferiu não comentar.
A Vibra, que mantém o uso da marca Petrobras até 2029, foi privatizada em etapas entre 2017 e 2021, durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Em 2023, a Petrobras notificou a empresa que não pretendia renovar a licença da marca nos termos atuais, o que pode ser mais um indício de que há uma reavaliação do papel da estatal no setor de distribuição.
Magda Chambriard também expressou preocupação com a falta de repasse das reduções feitas no atacado.
Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu uma investigação para apurar indícios de práticas anticoncorrenciais por parte de distribuidoras e revendedoras, justamente pelo não repasse das quedas de preços aos consumidores finais.