
- Petrobras lucra R$ 26,6 bilhões e reverte prejuízo do ano anterior.
- Dividendos de R$ 8,7 bilhões ficaram abaixo das projeções de XP, Genial e Ativa.
- Casas mantêm recomendação neutra, mas veem potencial de alta limitado no curto prazo.
A Petrobras (PETR4) apresentou um lucro líquido de R$ 26,6 bilhões no segundo trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado no mesmo período do ano passado. O resultado veio alinhado às projeções, mas a decisão de pagar dividendos menores e elevar investimentos dividiu opiniões no mercado.
Apesar do Ebitda de R$ 52,2 bilhões, alta de 5,1% na comparação anual, o anúncio de R$ 8,7 bilhões em dividendos, equivalente a R$ 0,67 por ação, ficou abaixo das expectativas de casas como Genial, XP e Ativa Investimentos. Portanto, o movimento refletiu o aumento de 9% no Capex, que atingiu US$ 4,4 bilhões no trimestre.
Resultados e contexto do petróleo
O desempenho da Petrobras foi impactado pela queda de 20,2% no preço médio do barril de Brent em relação ao ano anterior, para US$ 62,82. A desvalorização de 10% frente ao primeiro trimestre e a variação cambial também influenciaram negativamente a receita e a geração de caixa operacional.
Segundo João Daronco, analista da Suno Research, a retração é aceitável diante do cenário do petróleo e do dólar. Assim, a redução de receitas, EBIT e lucro bruto, segundo ele, acompanha o ambiente internacional mais desafiador para o setor de óleo e gás.
O Ebitda, no entanto, superou o registrado no trimestre anterior em 14,5%, refletindo eficiência operacional e foco em áreas estratégicas, principalmente na exploração e produção, que receberam 84% dos investimentos.
Dividendos abaixo do esperado
O pagamento de R$ 8,7 bilhões em dividendos representa R$ 1 bilhão a menos que a estimativa da Genial Investimentos e veio aquém das projeções da XP, que aguardava US$ 2,2 bilhões (R$ 11,9 bilhões). A Ativa Investimentos esperava R$ 1 por ação, o que equivaleria a um dividend yield trimestral de 2,1%.
Além disso, segundo a Genial, a priorização de investimentos pressiona o fluxo de caixa livre e, consequentemente, reduz a capacidade de distribuição de proventos. Apesar disso, a corretora estima que o rendimento anual de dividendos permaneça próximo a 8%, dado o atual patamar do Brent e o planejamento de gastos.
Portanto, para a XP e a Ativa, a política de dividendos menos agressiva pode se manter no curto prazo, especialmente com a possibilidade de que o próximo plano estratégico amplie investimentos e mantenha as margens sob pressão.
Recomendações e projeções de preço
A recomendação predominante no mercado para as ações PETR4 é neutra. A Ativa Investimentos aponta que o panorama setorial ainda é desafiador, que o plano estratégico pode exigir mais capital e que o risco-retorno da ação é menos atrativo em comparação a concorrentes globais.
Ainda assim, a casa vê potencial de valorização de 35,3% e preço-alvo de R$ 44 para as ações preferenciais. Ademais, a Genial Investimentos mantém avaliação semelhante, reforçando que a meta de dividendos anuais de 8% deve ser mantida.
Desse modo, o Citi também recomenda manutenção para os ADRs da Petrobras negociados nos Estados Unidos, com preço-alvo de US$ 12,50, apontando um potencial de alta de apenas 4,4% frente ao último fechamento.
O que o investidor deve observar
Para os analistas, investir ou manter posição em PETR4 dependerá de fatores como o preço do Brent e a execução do plano estratégico. Também considerarão a capacidade de equilibrar investimentos e distribuição de proventos.
Além disso, a Petrobras entrou no segmento de distribuição, conforme fato relevante. A entrada traz novas perspectivas de crescimento, mas exige mais capital e eleva riscos operacionais.
Por fim, a visão unânime é que, embora os resultados sejam sólidos, o cenário exige cautela. O investidor deverá acompanhar de perto tanto as decisões de alocação de recursos quanto os desdobramentos no mercado global de petróleo.