Proventos agressivos

Petrobras (PETR4) pode repetir tropeço do BBAS3 nos dividendos? Mercado alerta para virada no jogo

Mesmo com dividend yield de dois dígitos, analistas projetam pressão de investimentos na Margem Equatorial e risco de redução nos proventos nos próximos anos.

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petrobras PETR4 v
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  • Petróleo abaixo de US$ 70 limita dividendos extras da Petrobras
  • Margem Equatorial exige capex no curto prazo antes de gerar caixa
  • Política atual de dividendos pode durar de 3 a 6 anos, dependendo do brent

O investidor de Petrobras (PETR4) ainda desfruta de dividendos robustos, mas a dúvida é até quando. A estatal distribuiu proventos agressivos desde 2021, sustentando dividend yields acima de 10%, mas agora enfrenta um cenário de petróleo mais barato e um novo ciclo de investimentos estratégicos.

Enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) decepcionou ao cortar dividendos recentemente, a Petrobras tenta convencer o mercado de que “quem apostar contra vai perder dinheiro”, como disse sua CEO Magda Chambriard. A questão é se os números sustentam essa narrativa ou se o investidor terá de rever expectativas.

Preço do petróleo pode frear dividendos

O consenso entre analistas é que o brent deve se manter abaixo de US$ 70 nos próximos meses. Isso reduz o espaço para dividendos extraordinários, já que a geração de caixa não acompanha os desembolsos recentes.

Projeções da Meraki Capital apontam preço médio de US$ 68 em 2025, enquanto a Empiricus fala em níveis próximos a US$ 60, reforçando pressão baixista. Mesmo com cortes de custos e disciplina financeira, o mercado enxerga distribuição apenas dos proventos ordinários.

Para a Genial Investimentos, só haveria chance de dividendos extras se o brent ficasse acima de US$ 75 por tempo prolongado, cenário considerado improvável no curto prazo.

Margem Equatorial pode mudar tudo

A estatal aposta na Margem Equatorial como rota de sobrevivência pós-pré-sal. Se confirmada a viabilidade, a área pode garantir mais de 1 milhão de barris/dia a partir da próxima década.

No entanto, até lá os efeitos são diferentes. Antes de gerar caixa, a região vai exigir investimentos bilionários, elevando o capex e reduzindo espaço para proventos entre 2025 e 2027. Analistas lembram que o mercado tende a aceitar essa queda temporária em nome da expansão de reservas.

Na prática, a aprovação da licença do Ibama terá efeito simbólico no curto prazo, mas pode reprecificar positivamente as ações, ao sinalizar que a Petrobras não ficará refém apenas do pré-sal.

E a política de dividendos?

Hoje a Petrobras segue uma política de distribuir 45% do fluxo de caixa operacional menos os investimentos. O Bradesco BBI estima que ela pode durar de 3 a 6 anos, se o petróleo se mantiver perto de US$ 60.

Caso o barril recue para US$ 55 ou menos, o prazo cairia para 1 a 2 anos, aumentando o risco de frustração. Para fundos de dividendos, essa incerteza pode reduzir a atratividade do papel em relação a alternativas como Prio (PRIO3).

Ainda assim, mesmo sem dividendos extraordinários, analistas enxergam yields de até 13% em 2025. Para investidores de longo prazo, a tese segue viva mas com ajustes de expectativa.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.