Ajustes importantes

Petrobras (PETR4) surpreende mercado às vésperas do novo plano: queda do petróleo muda tudo

Preço do Brent perto de US$ 60 pressiona premissas e força revisões no Plano Estratégico 2026-2030.

Apoio

2011 02 24t120000z 1619206444 gm1e72p0e7l01 rtrmadp 3 petrobras.jpg
2011 02 24t120000z 1619206444 gm1e72p0e7l01 rtrmadp 3 petrobras.jpg
  • Risco de dívida bruta passar de US$ 75 bilhões volta a preocupar o mercado.
  • Investidores projetam capex menor e produção perto de 2,58 milhões de barris por dia.
  • Cenário com Brent perto de US$ 60 força revisão das premissas do plano 2026-2030.

A Petrobras (PETR4) divulgará nesta quinta-feira (27) seu Plano Estratégico 2026-2030, em meio a um momento delicado no mercado. A recente queda do Brent, que passou a oscilar perto de US$ 60, mudou o humor dos investidores e elevou a incerteza sobre as projeções internas da estatal.

O plano anterior foi estruturado com um petróleo próximo de US$ 80, cenário bem mais favorável. Agora, com a commodity pressionada, analistas e gestores aguardam ajustes importantes no capex, na produção e na estratégia financeira.

Investidores esperam corte no capex diante das novas premissas

O Itaú BBA ouviu 49 investidores institucionais para medir as expectativas sobre o plano. De acordo com o levantamento, o mercado projeta capex de US$ 18,5 bilhões, além de capex operacional de US$ 16,2 bilhões para 2026. A estimativa aponta produção média de 2,58 milhões de barris por dia, em linha com o consenso atual.

Esses números indicam redução de cerca de US$ 1 bilhão nos investimentos do próximo ano. O movimento acontece devido à transferência de projetos de Revitalização (Revits) para o portfólio de avaliação e a ajustes pontuais fora do segmento de Exploração e Produção (E&P). Dessa forma, a estatal tenta preservar caixa em um ambiente mais desafiador.

Ainda segundo analistas, o corte não deve alterar a estratégia central no curto prazo. Entretanto, a Petrobras pode redesenhar prioridades para manter equilíbrio entre crescimento e disciplina financeira.

Médio prazo pode ganhar fôlego com ritmo forte de produção

Embora os ajustes de 2026 pareçam modestos, o BBA avalia que o plano deve abrir espaço para uma visão mais construtiva entre 2027 e 2028. Isso porque o ciclo acelerado de projetos recentes deve aliviar o capex de E&P. Assim, a Petrobras poderia direcionar recursos a áreas estratégicas sem comprometer a geração de caixa.

A expectativa de produção para 2026 varia entre 2,53 milhões e 2,64 milhões de barris por dia, com média de 2,58 milhões. O banco trabalha com 2,6 milhões, patamar viável caso plataformas de Búzios entrem em operação mais cedo e o ritmo de extração se mantenha forte.

Além disso, cortes de opex, caso apareçam no plano, podem melhorar a percepção de investidores de longo prazo. Isso ocorreria porque o mercado está quase totalmente focado no capex e ainda não precifica reduções de custo operacional.

Dívida volta ao centro do debate com Brent abaixo de US$ 65

Outro ponto sensível será a projeção da dívida bruta, incluindo financiamentos e contratos de leasing. Investidores têm demonstrado preocupação com um cenário em que o Brent permaneça abaixo de US$ 65 em 2026. Nesse caso, existe o risco de a estatal ultrapassar o limite interno de US$ 75 bilhões em passivos.

A Petrobras deverá detalhar premissas que sustentam a estabilidade desse indicador. O plano também deve esclarecer como a companhia pretende equilibrar investimentos e distribuição de retorno aos acionistas sem pressionar a alavancagem.

Com o petróleo em queda e as incertezas fiscais no radar, o mercado exigirá uma sinalização firme sobre disciplina financeira e eficiência operacional.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.