
- Petrobras (PETR4) deve distribuir cerca de R$ 10 bilhões em dividendos no 3º trimestre, revertendo a queda anterior.
- Gasolina vendida acima do PPI e produção maior sustentam o otimismo de analistas como Citi e Empiricus.
- Riscos fiscais e leilões do pré-sal podem afetar proventos futuros, mas não devem comprometer o resultado atual.
Após um trimestre de frustração, os dividendos da Petrobras (PETR4) devem voltar ao padrão histórico de distribuição e superar R$ 10 bilhões no terceiro trimestre, segundo estimativas de bancos e casas de análise. A melhora da produção de petróleo e a gasolina vendida acima do preço de paridade internacional (PPI) são os principais motores dessa recuperação.
No mercado, o clima é de otimismo. O desempenho operacional consistente e a ausência de eventos não recorrentes, como no trimestre anterior, devem garantir proventos mais robustos e aliviar a pressão sobre as ações, que caíram após o balanço do segundo trimestre.
Gasolina acima do PPI e produção em alta
A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) mostra que a Petrobras vende atualmente a gasolina 9% acima do PPI, enquanto o diesel é comercializado 4% abaixo da paridade. Esse diferencial garante margens mais confortáveis para a estatal, mesmo com a estabilidade dos preços internacionais do petróleo.
Segundo o Citi, o dividendo previsto equivale a 2% do preço da ação, sustentado por um cenário de resiliência operacional. O banco projeta uma produção média de 2,4 milhões de barris por dia entre julho e setembro, o que representa alta de 5% frente ao trimestre anterior.
Esse avanço ocorre porque a empresa enfrentou menos paradas programadas e conseguiu aumentar a eficiência das plataformas. Com maior ritmo de extração e controle de custos, o terceiro trimestre tende a marcar um ponto de virada para os resultados da companhia.
Reação do mercado e expectativas
No segundo trimestre, a Petrobras decepcionou ao distribuir R$ 8,7 bilhões em dividendos, o menor valor em mais de um ano. As ações recuaram logo após o anúncio, refletindo o descontentamento dos investidores. Agora, analistas esperam uma reação oposta.
“Se nada poluir o balanço, a companhia deve pagar cerca de R$ 10 bilhões”, afirma Ruy Hungria, analista da Empiricus Research. Segundo ele, a estatal tem potencial para distribuir até 12% do valor de mercado em proventos ao longo de 2025, caso o cenário de petróleo e câmbio permaneça estável.
Para o Citi, o foco do investidor está em confirmar a “normalização dos dividendos”, vista como um sinal de maturidade financeira e estabilidade da gestão. A melhora no fluxo de caixa e na rentabilidade tende a reforçar a percepção de segurança no papel.
Riscos para os próximos trimestres
Apesar da retomada, os analistas ainda veem fatores de risco. Hungria alerta que uma intervenção do governo nos preços dos combustíveis ou uma alta súbita do barril de petróleo pode comprometer as margens da companhia. Contudo, o efeito não deve afetar o resultado do terceiro trimestre.
O Citi destaca outro ponto: o leilão de campos do pré-sal pelo governo federal, estimado em R$ 10,2 bilhões em lances mínimos. Ademais, como a Petrobras deve participar dos certames, há risco de impacto pontual nos dividendos do 4º trimestre, o que poderia reduzir em até 0,5% o valor por ação em 2026.
Por fim, mesmo com esses fatores, o consenso do mercado é que a Petrobras entrará em um novo ciclo de estabilidade, conciliando lucros consistentes, baixa alavancagem e pagamentos regulares aos acionistas.