Nova preocupação

Petrobras, Prio e Brava em perigo? BTG analisa como possível pacote fiscal do governo pode afetar as petroleiras

Banco mensura impactos do possível novo pacote de arrecadação do governo, que pode atingir em cheio a rentabilidade e os investimentos das principais produtoras de petróleo no país

Apoio

sia petrobras 0514203043
sia petrobras 0514203043

O anúncio iminente de um novo pacote de arrecadação fiscal pelo governo brasileiro, com foco na receita do setor de petróleo, acendeu um sinal de alerta entre investidores e analistas. Estimado entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões para os anos de 2025 e 2026, o plano visa reforçar as contas públicas sem recorrer ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Mas a pergunta que ronda o mercado é: como essas medidas impactam as empresas petroleiras?

Segundo o BTG Pactual, o pacote pode representar uma guinada no risco regulatório para o setor de óleo e gás no Brasil, afetando principalmente grandes produtoras como Petrobras (PETR3)(PETR4) e, em menor grau, companhias privadas como Prio (PRIO3), Brava Energia (BRAV3) e PetroReconcavo (RECV3).

Petrobras no centro da pressão fiscal

A Petrobras deve ser a principal afetada, dado seu peso como maior operadora de produção no país e forte presença em campos altamente produtivos do pré-sal.

O governo avalia mudanças nas regras de participação especial, que poderiam acrescentar até R$ 9 bilhões em arrecadação — grande parte vinda diretamente da estatal.

Além disso, o leilão de áreas excedentes nos campos de Tupi, Mero e Atapu, estimado para gerar até R$ 15 bilhões, poderia exigir investimentos relevantes da companhia, o que impactaria diretamente seus dividendos no curto prazo.

“A Petrobras arcará provavelmente com uma parcela significativa das mudanças nas participações especiais”, afirma o BTG. “Embora qualquer aquisição possa agregar valor de longo prazo ao portfólio, no curto prazo os dividendos podem ser comprimidos.”

Apesar disso, o banco vê impacto financeiro limitado com a possível revisão do preço de referência do petróleo, que poderia render ao governo R$ 3 bilhões por ano. “Essa medida deve ter efeito marginal para a Petrobras, dada sua estrutura de custos e margens.”

E as empresas júniors?

Outras petroleiras também podem sentir os efeitos, ainda que em menor escala.

  • A PRIO, que opera ativos de alta produtividade como Wahoo e Peregrino, pode sofrer pressão nas margens em caso de mudanças no preço de referência ou nas regras de participação especial. “PRIO pode ser modestamente impactada, mas continua sendo menos exposta por conta da natureza de sua base de ativos”, diz o BTG.
  • A Brava Energia, com produção em crescimento no campo de Atlanta, também está no radar de impacto moderado.
  • Já a PetroReconcavo, com foco em ativos onshore e menor escala de produção, deve ser a menos afetada entre as listadas, segundo o banco.

Mais incerteza para no petróleo

Embora várias medidas ainda não estejam confirmadas e possam sofrer ajustes, o BTG destaca que a simples sinalização de intervenção pode mexer com o apetite por risco no setor.

“Isso marca a materialização de um risco regulatório há muito apontado, que parece mais uma solução fiscal de curto prazo do que uma política energética planejada”, alerta o banco. “Reduz a visibilidade e aumenta o custo de fazer negócios no país, podendo desincentivar investimentos de longo prazo.”

O BTG conclui que, em meio à turbulência, PRIO continua sendo a preferência do banco, dada sua exposição mais controlada a variáveis regulatórias.

O que esperar do mercado?

A depender da oficialização e do detalhamento das medidas, o BTG espera uma reação levemente negativa das ações de petroleiras, especialmente da Petrobras, mas sem reverter por completo as teses de investimento no setor.

“O mercado vai precificar esse risco, mas não vemos uma mudança estrutural imediata no caso de investimento da Petrobras”, pondera o banco.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.