
- Petróleo: Banco projeta Brent a US$ 57 em 2027, mas corte de 2 milhões bpd seria necessário
- JP Morgan alerta: petróleo pode cair a US$ 30 até 2027 se oferta não desacelerar
- Petrobras (PETR4) tem breakeven estimado em US$ 34 e seria duramente atingida
O JP Morgan voltou a alertar para um possível colapso no mercado de petróleo, apontando que o barril pode despencar para US$ 30 até 2027 caso a oferta global siga em expansão acelerada. O cenário extremo, embora não seja a projeção-base do banco, reacendeu temores sobre o impacto nas principais produtoras, incluindo a Petrobras (PETR4).
Segundo o relatório, uma queda desse tamanho obrigaria empresas fortemente expostas ao Brent a queimar caixa apenas para manter o nível de produção. No caso da Petrobras, analistas calculam que o breakeven aproximado está perto de US$ 34, o que colocaria a estatal sob forte pressão caso o petróleo mergulhe abaixo de US$ 50.
Oferta preocupa e risco de excesso cresce
O banco afirma que, sem cortes coordenados, a oferta global deve avançar quase três vezes mais que a demanda em 2025 e 2026. Esse desequilíbrio tende a provocar aumento expressivo de estoques e queda agressiva nos preços. Ainda assim, o cenário-base do JP Morgan projeta o Brent em US$ 57 em 2027, cerca de 10% abaixo dos níveis atuais.
Os analistas liderados por Natasha Kaneva esperam cortes voluntários e involuntários nos próximos anos, já que vários produtores enfrentam custos marginais mais altos. Países da OPEP+, produtores de shale nos EUA e novos players como Brasil e Guiana devem entrar na mesa de negociação para tentar estabilizar o mercado.
A demanda, por outro lado, segue resiliente. O banco projeta aumento anual de 0,9 milhão de barris/dia em 2025 e 2026, com crescimento ainda mais forte, de 1,2 milhão de bpd, em 2027.
Novos players complicam o xadrez do petróleo
O relatório destaca que o mercado mudou. A expansão do shale americano, a produção offshore mais robusta no Brasil e na Guiana e o avanço da Argentina via Vaca Muerta criam uma nova dinâmica de poder. Além disso, Rússia e Venezuela, ambas afetadas por sanções dos EUA, seguem como variáveis importantes na equação.

O JP Morgan avalia que, se os preços caírem mais, os EUA podem endurecer sanções contra a Rússia para sustentar sua própria indústria. Já uma possível mudança política na Venezuela pode aumentar a oferta, pressionando ainda mais o preço do petróleo.
Para o banco, os cortes necessários seriam de 2 milhões de barris por dia a partir de junho de 2026 para que o cenário-base se confirme. Sem intervenção, preços muito baixos tendem a paralisar projetos onshore em diversos países.
Impacto direto na Petrobras (PETR4)
Segundo analistas, a Petrobras precisaria de petróleo perto de US$ 34 para equilibrar as contas. Com preços abaixo de US$ 50, a companhia poderia suspender dividendos, reduzir capex e adiar projetos — mesmo com sua competitividade acima da média global.
O consultor Adriano Pires alerta que o risco não está apenas no preço do barril. A estatal carrega dívida de US$ 75 bilhões, que pode ultrapassar US$ 100 bilhões caso o Brent recue para a casa dos US$ 50. O histórico de maus investimentos também reforça a vulnerabilidade da companhia em ciclos de baixa.
A Petrobras reduziu sua projeção de capex em 2% no plano 2026–2030, mas trabalha com petróleo a US$ 70 em 2027, bem acima dos cenários apontados pelo JP Morgan.