
- Petrobras (PETR4/PETR3) teve movimento misto, refletindo disputas políticas e foco em dividendos.
- Prio (PRIO3) e Brava (BRAV3) mostraram reação mais forte, com alta de até 2% no dia.
- Cenário externo segue como principal gatilho: risco russo na oferta e corte de juros nos EUA.
O petróleo voltou ao centro das atenções nesta terça-feira (16). A cotação do barril do tipo Brent disparou 1,5%, chegando a US$ 68,47, em meio a riscos de corte de fornecimento russo e à expectativa de redução dos juros nos Estados Unidos. A reação foi imediata na B3: Petrobras, Prio e Brava acompanharam a onda de valorização, animando investidores.
O movimento não foi uniforme, mas reforçou a leitura de que a combinação entre demanda mais aquecida e oferta pressionada cria espaço para ganhos expressivos no setor de óleo e gás. Apesar disso, analistas pedem cautela: a mesma força que impulsiona os papéis pode reverter em ajustes bruscos nos próximos pregões.
Petrobras sente o impacto, mas divide o mercado
As ações da Petrobras mostraram sinais mistos. As preferenciais (PETR4), mais buscadas por quem prioriza dividendos, avançaram 0,25% e fecharam a R$ 31,53. Já as ordinárias (PETR3), com direito a voto, cederam 0,18%, a R$ 34,18.
O comportamento oposto reflete a disputa de visões entre investidores. Parte do mercado aposta na empresa como beneficiária direta do petróleo mais caro. Outra parte ainda teme a interferência política em decisões de investimento e distribuição de proventos, o que limita o fôlego da valorização.
Especialistas lembram que, apesar da alta do Brent, Petrobras está exposta a fatores internos, como política de preços de combustíveis e custos de operação. Ou seja, a commodity em alta é um gatilho, mas não garante por si só ganhos consistentes no longo prazo.
Prio e Brava mostram força entre independentes
Diferente da Petrobras, as chamadas “junior oils”, empresas independentes, tiveram desempenho mais direto. A Prio (PRIO3) chegou a subir mais de 2% durante o pregão e fechou em alta de 1,3%, cotada a R$ 38,47. A Brava (BRAV3) avançou 1,5%, para R$ 18,79.
Essas companhias estão mais ligadas à dinâmica internacional de preços, com menos interferência de fatores políticos. Isso faz com que, em momentos de choque positivo na commodity, elas capturem valor mais rapidamente.
Ainda assim, analistas alertam que os papéis também carregam maior volatilidade. Ou seja, o investidor que entra nesses ativos em busca de valorização rápida precisa estar preparado para oscilações fortes.
Oferta russa em xeque e Fed no radar
O principal motivo da alta de hoje veio da Rússia. Após ataques de drones ucranianos a refinarias, cresceu a chance de redução na oferta global de petróleo. Esse fator geopolítico pressiona os preços e cria um ambiente de incerteza que favorece as exportadoras.
Em paralelo, a expectativa de corte de juros nos EUA reforça a perspectiva de maior demanda. Com crédito mais barato, a economia global tende a acelerar, ampliando o consumo de energia e sustentando os preços da commodity.
Mas esse quadro pode mudar rapidamente. Se os cortes não forem tão profundos quanto o esperado ou se a Rússia conseguir manter parte de sua produção, o mercado pode realizar lucros. Por isso, os próximos dias serão decisivos.