
- PetroChina, Sinopec, CNOOC e Zhenhua Oil suspenderam compras marítimas de petróleo russo.
- Sanções dos EUA e Reino Unido atingem Rosneft e Lukoil, elevando riscos para refinarias asiáticas.
- Preços do petróleo não sancionado podem subir, com maior demanda vinda da China e Índia.
As principais estatais chinesas suspenderam as compras de petróleo russo por via marítima, após o governo dos Estados Unidos ampliar sanções contra as gigantes Rosneft e Lukoil, segundo fontes comerciais citadas pela Reuters na última quinta-feira (23). A medida amplia as tensões no mercado de energia global, que já enfrenta alta volatilidade nos preços do petróleo Brent.
A decisão vem no momento em que refinarias indianas, outro grande destino do petróleo russo, também devem reduzir drasticamente suas importações para evitar punições. O movimento coordenado ameaça reduzir as receitas do Kremlin e pressionar o equilíbrio de oferta mundial.
PetroChina, Sinopec e CNOOC recuam após novas sanções
As companhias PetroChina (601857.SS), Sinopec (600028.SS), CNOOC e Zhenhua Oil suspenderam temporariamente as negociações de petróleo da Rússia transportado por navios. Segundo fontes do setor, a decisão reflete receio de sanções secundárias dos EUA, que agora miram intermediários, frotas paralelas e refinarias associadas à Rosneft e Lukoil.
O volume de importações por estatais era limitado, mas relevante: estimativas da Vortexa Analytics indicam menos de 250 mil barris por dia (bpd), enquanto a Energy Aspects calcula cerca de 500 mil bpd nos primeiros nove meses de 2025. Em contraste, refinadores independentes chineses, conhecidos como teapots, continuam comprando volumes menores, avaliando o impacto regulatório.
Traders afirmam que a Unipec, braço comercial da Sinopec, interrompeu as compras desde a semana passada, após o Reino Unido incluir o petróleo russo e parte da frota de transporte na lista de sanções.
Impacto global e redirecionamento de demanda
Com a China e a Índia reduzindo as compras, o petróleo russo tende a perder seus dois maiores clientes. Isso deve forçar Moscou a buscar novos compradores e encarecer o petróleo não sancionado do Oriente Médio, África e América Latina.
Analistas do setor alertam que a mudança pressiona os preços do Brent, que já vinham se mantendo próximos de US$ 88 por barril. A redução na oferta de petróleo russo no mercado asiático tende a elevar os custos de importação para países emergentes e beneficiar exportadores alternativos, como Arábia Saudita e Brasil (PETR4).
Antes do anúncio das sanções, o petróleo russo tipo ESPO para embarque em novembro já havia caído US$ 1 em relação ao Brent, sinalizando demanda enfraquecida. Agora, traders preveem um reajuste de preços conforme compradores buscam fontes seguras.
Oleodutos ainda mantêm fluxo estável
Apesar da suspensão marítima, a China ainda importa cerca de 900 mil bpd de petróleo russo por oleodutos, operação centralizada na PetroChina, que não deve ser afetada pelas sanções. Essa rota continua operando normalmente, pois não envolve o transporte marítimo controlado por empresas sancionadas.
Mesmo assim, analistas afirmam que o risco político aumenta. Ademais, novas sanções dos EUA podem atingir empresas de transporte e seguradoras asiáticas. Assim, a medida ampliaria a insegurança comercial.
Traders projetam que a demanda asiática deve migrar rapidamente para o Oriente Médio e a América Latina. Por fim, o movimento pode impulsionar os preços do petróleo não sancionado. A mudança também deve intensificar a competição global por barris disponíveis.