
O Goldman Sachs ficou preocupado com o aumento da tensão geopolítica e traçou um cenário extremo: se o fluxo de petróleo pelo Estreito de Ormuz for reduzido pela metade por um mês, e permanecer com 10% de queda durante os 11 meses seguintes, o barril do petróleo Brent poderia atingir US$ 110 — um salto de mais de 40% sobre os preços atuais.
Essa visão acontece após o aumento das tensões no Oriente Médio depois que os Estados Unidos se juntarem a Israel em ataques contra instalações nucleares do Irã.
O movimento elevou os temores sobre possíveis interrupções no fornecimento global de petróleo — especialmente em uma das regiões mais sensíveis do mundo para a commodity: o Estreito de Ormuz.
Nesta segunda-feira (23), por volta das 8:50 (horário de Brasília), o petróleo Brent subia 0,81% a US$ 76,09. Já o WTI, 0,72% a US$ 74,36.
O que aconteceu?
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste fim de semana que ordenou ataques que “obliteraram” instalações nucleares iranianas, como parte de uma ofensiva conjunta com Israel.
Os ataques miraram, inclusive, a instalação de Fordow, localizada nos arredores da capital Teerã.
Em resposta, o Irã, terceiro maior produtor da Opep, declarou que a ação americana “expandiu o leque de alvos legítimos” para sua retaliação, chamou Trump de “apostador” e prometeu se defender.
O cenário levou a China a se pronunciar oficialmente, acusando os EUA de minarem sua própria credibilidade e alertando que a crise “pode sair do controle”.
Por que o petróleo reage?
A principal preocupação gira em torno do Estreito de Ormuz, ponto crítico por onde passa cerca de 20% de todo o petróleo comercializado no mundo.
Qualquer ameaça de bloqueio ou retaliação nessa região tem potencial de fazer os preços dispararem.
Desde o início do conflito, em 13 de junho, os preços vêm oscilando com as manchetes. Ainda que não haja, até agora, interrupção real na oferta, analistas afirmam que o “prêmio de risco geopolítico” está precificado no barril — e pode aumentar a depender da evolução do conflito.
“Como não está claro até onde o conflito vai, os preços devem continuar voláteis no curto prazo”, avaliou Giovanni Staunovo, analista do UBS.
Estreito de Ormuz vai fechar mesmo?
O Goldman Sachs considera pouco provável uma interrupção duradoura, apostando nos esforços internacionais para manter a hidrovia operando.
O próprio Irã depende profundamente das exportações de petróleo que saem pelo Estreito, o que desincentiva um bloqueio prolongado.
“Um fechamento sustentado causaria danos econômicos enormes ao Irã”, explicou Sugandha Sachdeva, da SS WealthStreet.