Risco alto?

PetroReconcavo (RECV3) tá barata, mas não empolga: Genial revela por que ainda não é hora de apostar em RECV3

Casa prefere a Prio, por observar um retorno mais significativo no investimento

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petroreconcavo padrao2024
petroreconcavo padrao2024

Apesar de reconhecer fundamentos atrativos, a Genial Investimentos mantém recomendação de “manter” para as ações da PetroReconcavo (RECV3), citando uma postura mais conservadora diante de riscos operacionais e da performance abaixo do esperado.

A corretora avalia que a empresa está sendo negociada a múltiplos baratos — 3,0x EV/EBITDA para 2025 — e ainda assim entregando rendimento de fluxo de caixa entre 3,7% e 23% para 2025-2026.

Contudo, a Genial vê valor no papel, mas prefere adotar uma abordagem cautelosa:

“Analisando o case da RECV de forma isolada, uma recomendação mais agressiva não seria nenhum absurdo. Entretanto, vale mencionar que existem outros cases interessantes no setor.”

A análise reconhece que, isoladamente, o case poderia justificar uma recomendação mais agressiva.

No entanto, a corretora vê oportunidades mais assimétricas no setor, como Prio (PRIO3), que pode gerar até 50% de rendimento de caixa com a entrada do projeto Wahoo e a consolidação do campo de Peregrino a partir de 2026.

“Estamos aplicando apenas a curva de produção das reservas provadas (1P). Entendemos que nossa recomendação deriva de uma aproximação mais conservadora em relação aos principais drivers de valor da empresa”, diz a Genial.

Produção aquém do esperado

Um dos principais pontos de atenção é o ritmo de produção, que segue abaixo até mesmo da curva 1P.

Segundo a Genial, a expectativa inicial era de 37 mil boepd em 2025, mas a produção atual gira em torno de 27,3 mil boepd.

“A empresa vem produzindo consistentemente abaixo das curvas de produção estimadas pela certificadora ano após ano”, destaca a análise.

A corretora fez simulações com base na curva de produção 2P, que considera um cenário menos conservador (com chance de 50% de recuperação das reservas).

Os números nesse caso se mostram mais interessantes, o que abre espaço para reprecificação, caso a empresa mostre capacidade de subir seu nível de produção.

Geração de caixa, dividendos e risco Brent

Apesar do desempenho abaixo do esperado, a PetroReconcavo exibe um perfil financeiro saudável.

A dívida líquida fechou o 1T25 em R$ 1 bilhão (0,6x EBITDA), e a expectativa é de que a companhia termine 2025 praticamente sem endividamento — mesmo com premissas conservadoras de preço do Brent entre US$ 64 e US$ 67.

“Acreditamos que a empresa seguirá sendo uma pagadora generosa de dividendos – inclusive com potencial para pagamentos extraordinários”, afirma a Genial.

Ainda assim, o setor vive sob risco do preço do petróleo, o que também pressiona o valuation. Uma queda adicional no Brent pode afetar tanto a geração de caixa quanto as perspectivas para novos investimentos.

Polo Bahia-Terra e M&As no radar

A possível reabertura do processo de venda do Polo Bahia-Terra, anteriormente suspenso pela Petrobras, reacende discussões no mercado. A PetroReconcavo já havia captado cerca de R$ 1 bilhão em 2022 para adquirir o ativo.

Caso o processo de venda volte à mesa, a empresa pode retomar interesse — e isso pode adicionar volatilidade ao papel.

Outros cenários considerados pela Genial envolvem fusões, aquisições ou venda da própria empresa, embora não estejam no cenário-base da corretora.

“Não se pode descartar um movimento mais ousado, tendo a empresa como alvo”, pondera a análise.

Gás natural: menos Brent, mais estabilidade

A produção de gás natural, que responde por cerca de 40% do portfólio da PetroReconcavo, é vista como uma vantagem estratégica.

Apesar de ser comercializado a preços menores do que o petróleo, o gás é vendido via contratos de longo prazo, o que dá mais previsibilidade à receita.

Há também especulações sobre a construção de uma usina termoelétrica com o gás produzido, o que poderia agregar valor e mudar a percepção do mercado sobre o ativo — embora a Genial se mantenha cética sobre a viabilidade técnica do projeto.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.