Aposta ousada

Plano bilionário da Ford pode mudar o rumo dos carros elétricos; entenda

Montadora injeta US$ 5 bilhões em nova plataforma e promete modelos a partir de US$ 30 mil para enfrentar BYD e reverter prejuízos no segmento.

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  • Ford investirá US$ 5 bilhões em nova plataforma de veículos elétricos acessíveis
  • Meta é reduzir custos e tempo de produção para enfrentar concorrentes chineses
  • Mudanças ocorrem em meio a perdas bilionárias e pressões políticas nos Estados Unidos

A Ford anunciou uma estratégia radical para competir no mercado global de veículos elétricos, desafiando o domínio crescente das fabricantes chinesas. Com um investimento inicial de US$ 5 bilhões, a empresa aposta em uma nova plataforma para produzir modelos acessíveis.

O plano prevê uma linha completa de elétricos mais baratos e eficientes, começando por uma picape de US$ 30 mil em 2027, seguida de SUVs e modelos voltados a aplicativos de transporte. A meta é transformar o segmento deficitário em um motor de crescimento, com produção mais rápida e custos menores.

A virada estratégica

O CEO Jim Farley descreveu o projeto como o “momento Model T” da Ford, em referência ao carro que revolucionou a indústria automotiva há mais de um século. A nova “plataforma universal de veículos elétricos” marcará a primeira geração de modelos projetados totalmente para bateria.

Além disso, a Ford abandonou a estratégia anterior de eletrificar modelos grandes e redirecionou investimentos para veículos menores e populares. Para viabilizar o plano, destina US$ 2 bilhões para converter a fábrica de Louisville, Kentucky, e construir a nova linha, reduzindo o tempo de produção em 40% e cortando mão de obra em 600 postos.

Desse modo, essa mudança busca reverter as perdas de US$ 5,1 bilhões registradas pela divisão elétrica em 2024 e enfrentar rivais como BYD e Geely, que avançam rapidamente com modelos mais baratos.

Fabricação e inovação

Os novos modelos usarão baterias LFP, mais baratas, fabricadas em uma planta de US$ 3 bilhões em Michigan. A Ford também erguerá um complexo de US$ 5,6 bilhões no Tennessee, capaz de produzir 300 mil caminhões por ano, embora ainda não esteja claro como usará totalmente essa capacidade.

Além de preços mais acessíveis, os veículos terão mais espaço interno e recursos avançados, como direção sem as mãos. Assim, a estratégia é atingir consumidores comuns, até agora afastados pelo custo elevado dos elétricos.

Portanto, ainda que esteja priorizando modelos menores, a Ford mantém planos para um sucessor da F-150 Lightning, com lançamento previsto para 2028.

Obstáculos e pressão política

O caminho, porém, não é livre de desafios. O presidente Donald Trump cortou o crédito fiscal de US$ 7.500 para compra de elétricos e impôs tarifas que custaram US$ 800 milhões à Ford no último trimestre. Essas medidas ameaçam a competitividade da montadora frente aos chineses e já representam um prejuízo anual de US$ 2 bilhões.

Ademais, a empresa tem feito lobby para proteger subsídios e créditos de produção, destacando que fabrica mais veículos nos Estados Unidos do que qualquer outra concorrente. Mesmo assim, enfrenta pressão para manter preços baixos enquanto reduz custos e acelera prazos.

Por fim, o sucesso da nova aposta dependerá da capacidade de equilibrar inovação, produção em massa e competitividade frente aos rivais asiáticos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.