Cenário instável

Política externa faz Taurus (TASA3) despencar na bolsa e cogitar saída do Brasil

CEO diz que empresa pode levar operação para os EUA; ações caem mais de 8% com temor de demissões em massa.

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  • Taurus (TASA3) cai mais de 8% após CEO anunciar que empresa pode sair do Brasil por causa das tarifas de Trump.
  • Fábrica de São Leopoldo, com 3 mil empregos diretos, pode ser fechada ainda em 2025.
  • Governo brasileiro tenta evitar o tarifaço, mas ainda não apresentou solução concreta.

As ações da Taurus (TASA3) desabaram nesta segunda-feira (28), com investidores reagindo à ameaça do CEO da companhia de transferir toda a operação do Brasil para os Estados Unidos. Às 11h25, os papéis recuavam 8,55% na B3, refletindo o impacto potencial do tarifaço de Donald Trump contra o Brasil.

A medida anunciada por Trump prevê a aplicação de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo armamentos. Caso entre em vigor em 1º de agosto, como previsto, a empresa avalia fechar a fábrica de São Leopoldo (RS), onde emprega cerca de 3 mil pessoas diretamente.

Taurus pode deixar o país após nova taxação dos EUA

Durante entrevista ao programa Tá na Hora, do site Berlinda, o CEO global da Taurus, Salésio Nuhs, confirmou que a companhia analisa a possibilidade de realocar toda a produção brasileira para os Estados Unidos. A decisão seria uma resposta direta ao aumento drástico nas tarifas de importação anunciado pelo governo norte-americano.

Segundo Nuhs, se o imposto de 50% realmente for implementado, a operação brasileira se tornará economicamente inviável. Como resultado, a empresa passaria a concentrar suas atividades em sua planta industrial na Geórgia, nos EUA, onde já possui estrutura montada.

A declaração do executivo acendeu um alerta no mercado. Investidores temem que, além de impactos nos lucros da empresa, a transferência fabril leve à demissão de milhares de trabalhadores no Rio Grande do Sul. Até agora, o governo brasileiro não conseguiu reverter a medida imposta por Trump.

Mercado reage com aversão ao risco e ações despencam

O anúncio do possível encerramento da operação brasileira foi mal recebido por analistas e investidores. A Taurus é uma das poucas empresas brasileiras com destaque global no setor armamentista, exportando para mais de 100 países. Assim, a dependência das exportações para os EUA, que representam a maior fatia da receita, amplia o risco diante da guerra comercial.

Ademais, com a aproximação da data de vigência da tarifa, 1º de agosto, o mercado já precifica o pior cenário. A queda superior a 8% nos papéis reflete essa aversão ao risco, especialmente diante da incerteza sobre a manutenção da fábrica gaúcha. Para alguns especialistas, mesmo que o governo consiga negociar, o estrago reputacional já foi feito.

Além disso, há temor de que outras indústrias brasileiras sigam o mesmo caminho. Desse modo, empresas com forte presença nos EUA podem cogitar transferências semelhantes, caso não haja uma estratégia clara do governo para proteger o setor produtivo nacional.

Cenário político e econômico adiciona pressão à Taurus

A situação da Taurus é mais um reflexo do atual ambiente geopolítico instável. O embate comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou força após Trump retomar o protecionismo econômico como estratégia de campanha. O governo Lula, por sua vez, tem buscado evitar retaliações, mas até agora sem sucesso prático.

Internamente, agentes políticos também sentirão o impacto. Além disso, o fechamento de uma das maiores fábricas do Rio Grande do Sul pode gerar desgaste ao governo federal e estadual. Sindicatos já começaram a se mobilizar e pedem uma resposta imediata para evitar demissões em massa.

Por fim, embora a Taurus ainda não tenha oficializado a decisão, o próprio CEO deixou claro que a alternativa já está em estudo avançado. Resta saber se haverá tempo, e vontade política, para reverter esse quadro antes que os prejuízos se tornem irreversíveis.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.