
Depois que a Méliuz (CASH3) decidiu reinventar sua tese de investimento e se tornar uma “Bitcoin Treasury Company”, o BTG Pactual cresceu ainda mais os olhos sobre a companhia. O banco passou a recomendar ‘compra’ nos papéis CASH3, a um preço-alvo de R$ 10,00, uma valorização de mais de 40% em relação a cotação atual (R$ 7,00).
“Nossa reação inicial foi de surpresa e ceticismo”, admitem os analistas do banco em relação a estratégia com o Bitcoin. “Mas, com a ação subindo 114% desde a divulgação da estratégia, ficou claro que estávamos deixando algo passar.”
A decisão do fundador e presidente do conselho, Israel Salmen, de embarcar na acumulação de Bitcoin e utilizar o mercado de capitais para emitir instrumentos financeiros e comprar ainda mais, remete diretamente ao modelo que fez a Strategy se multiplicar em 26x em cinco anos.
“A Méliuz hoje está reposicionada como uma empresa de tesouraria em Bitcoin. Essa mudança estratégica tem se mostrado, até agora, uma forma bem-sucedida de reinventar sua tese de investimento”, afirma o BTG.
Como funciona esse novo modelo?
Empresas como a Méliuz buscam valorizar suas ações com base na razão de BTC por ação (BTC/stock), emitindo instrumentos como ações, warrants e dívidas conversíveis.
Mesmo sem estrutura offshore para captar com juros próximos de zero, como a Strategy, a Méliuz já conseguiu realizar sua primeira emissão combinando follow-on com cinco séries de warrants. “O mercado tem aceitado pagar ágio sobre o valor patrimonial de Bitcoin (mNAV) pela possibilidade de participação em instrumentos com alta volatilidade”, explica o banco.
Quanto vale a Méliuz?
Mesmo com a nova direção, o BTG ainda atribui valor ao negócio legado de cashback: “Estamos dando o benefício da dúvida após a melhora operacional recente, com EBITDA positivo e retomada do fluxo de caixa”, justificam os analistas.
Eles estimam esse segmento em R$ 400 milhões, com base em um múltiplo de 6x EV/EBITDA para o fim de 2025.
Já a projeção de preço-alvo para a ação, de R$ 10 até o fim deste ano, considera uma série de captações até 2030, totalizando cerca de R$ 1,3 bilhão. “Calculamos um ganho médio de R$ 0,85 por ação ao ano com base na valorização do Bitcoin e emissões com ágio sobre o mNAV”, diz o BTG.
Recomendação de COMPRA: aposta alavancada no futuro do Bitcoin
A tese, segundo o banco, é arriscada, mas promissora. “Embora seja difícil ter convicção elevada, o histórico positivo de estratégias similares no mundo e o fato de a Méliuz negociar próxima de 1x mNAV ajustado nos fazem crer que o novo direcionamento merece o benefício da dúvida.”
No fim, quem aposta na Méliuz está, indiretamente, investindo no sucesso do Bitcoin — com uma pitada de criatividade brasileira e o potencial de ver o “cashback” se transformar em “crypto back”.