
O que influencia o dólar hoje?
Indicadores econômicos dos EUA movimentam o dólar nesta quinta-feira (22), com destaque para os pedidos de seguro-desemprego e os índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de maio.
Os dados são aguardados com expectativa por investidores que buscam sinais mais claros sobre a saúde da economia americana e os próximos passos do Federal Reserve (Fed) em relação à política de juros.
No pregão anterior…
O dólar voltou a recuar frente ao real, na última quarta-feira (21), impulsionado por um cenário que mistura atratividade de juros no Brasil, expectativa de maior competitividade nas exportações e incertezas fiscais nos dois lados do Atlântico.
No pregão passado a moeda encerrou em queda de 0,46%, cotada a R$ 5,643.
A valorização do real ocorre em meio a uma combinação de fatores que tem feito o Brasil brilhar no radar dos investidores globais.
Real em destaque
Com a taxa básica de juros em patamares elevados e estáveis, o Brasil mantém o diferencial atrativo frente aos Estados Unidos, favorecendo o chamado carry trade — estratégia em que investidores buscam ganhos em moedas de países com juros mais altos.
Outro motor que tem contribuído para a pressão de baixa sobre o dólar é o cenário tarifário internacional.
O Brasil permanece na alíquota de 10% estabelecida na era Trump, o que o torna um parceiro comercial mais barato em comparação a países fortemente tarifados pelos EUA, como China e Reino Unido.
Essa vantagem pode resultar em um impulso nas exportações brasileiras, ampliando a entrada de dólares via comércio exterior.
No entanto, especialistas alertam: essa janela de oportunidade pode se fechar caso as negociações comerciais entre as grandes potências fracassem ao fim da atual trégua de 90 dias.
Fiscal sob risco
Enquanto o câmbio se valoriza, o pano de fundo fiscal inspira cautela. No Brasil, a recente Medida Provisória da “Justiça Tarifária”, assinada pelo presidente Lula, prevê isenção de pagamento de energia para pequenos consumidores e descontos para outra parcela da população.
Embora popular, a medida acende o alerta sobre o impacto nas contas públicas e a sustentabilidade fiscal do país.
Nos Estados Unidos, o clima também é de apreensão. Após o rebaixamento da nota de crédito pela agência Moody’s, os olhos do mercado se voltam para o Congresso, onde Republicanos articulam um ambicioso corte de impostos que pode elevar a já gigantesca dívida federal, atualmente em US$ 36,2 trilhões, em mais US$ 3 a 5 trilhões.
Banco Central em pausa
No front cambial, o Banco Central (BC) brasileiro anunciou que só retomará os leilões tradicionais de swap cambial a partir de 2 de junho, sem previsão de rolagem exata de volumes.
Essa pausa nas operações aumenta a volatilidade e dá ao mercado o sinal de que a autoridade monetária não vê necessidade, por ora, de conter a valorização do real.
O que acontece hoje?
O dia ainda reserva uma série de eventos que podem mexer com os mercados. Na Europa, os índices PMI e as atas do Banco Central Europeu já movimentaram o início da manhã.
No Brasil, a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) promete pistas sobre o rumo da política econômica.
E nos EUA, indicadores como pedidos de seguro-desemprego, PMIs de maio e vendas de casas usadas trarão novos dados sobre o estado da economia norte-americana.