
- Dólar abre em alta, a R$ 5,699, com foco em acordos comerciais dos EUA e política monetária global
- Fed deve manter juros, mas discurso de Powell pode redefinir expectativas para próximos meses
- Copom deve elevar a Selic, com projeções apontando 14,75% a.a., o que pressiona ainda mais o real
O dólar abriu esta terça-feira (6) em alta frente ao real, em meio à tensão nos mercados globais. Às 9h10, a moeda norte-americana subia 0,15%, cotada a R$ 5,698 na compra e R$ 5,699 na venda, enquanto investidores observam os desdobramentos de potenciais acordos comerciais entre os Estados Unidos e seus principais parceiros, além das decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central do Brasil.
Na segunda-feira (5), o dólar à vista já havia fechado em alta de 0,61%, a R$ 5,6905. No acumulado de 2025, a divisa ainda registra desvalorização de 7,91%, mas o movimento recente aponta para um fortalecimento diante do aumento da cautela no cenário internacional.
Na B3, o contrato futuro de dólar para junho (o mais líquido no momento) subia 0,05%, a 5.736 pontos. Enquanto isso, o Banco Central brasileiro anunciou um leilão de até 25 mil contratos de swap cambial tradicional nesta sessão, com o objetivo de rolar vencimentos previstos para 2 de junho de 2025, buscando conter a volatilidade no câmbio.
Acordos dos EUA e Fed mantêm o mercado global em compasso de espera
A alta da moeda americana reflete o sentimento de espera que domina os mercados. Nas últimas semanas, cresceram as expectativas de que os Estados Unidos fecharão acordos comerciais que reduzam tarifas com países parceiros estratégicos. Embora sem detalhes oficiais até o momento, esses possíveis avanços já impactam o comportamento do dólar.
O grande foco, no entanto, se volta para a reunião do Federal Reserve marcada para quarta-feira (7). O mercado acredita que o banco central americano manterá a taxa de juros inalterada, mas muitos analistas avaliam que esta pode ser a última reunião com decisão “previsível”.
Todos os olhos estarão voltados ao discurso do presidente do Fed, Jerome Powell. Que pode, portanto, sinalizar os próximos passos da autoridade monetária em meio à pressão inflacionária nos Estados Unidos. Também se espera que Powell comente, mesmo que indiretamente, as críticas públicas do presidente Donald Trump, que tem cobrado juros mais baixos para impulsionar a economia em ano eleitoral.
Selic deve subir novamente e aumenta pressão sobre o real
No Brasil, o mercado acompanha de perto os sinais do Banco Central em meio à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que termina na quarta-feira. A expectativa é de aumento da taxa Selic, mas sem consenso sobre o tamanho do ajuste. A XP Investimentos projeta uma elevação de 50 pontos-base, levando os juros básicos da economia a 14,75% ao ano.
Esse ajuste seria inferior ao inicialmente esperado pela própria corretora, que previa 0,75 ponto percentual neste encontro. A mudança de perspectiva reflete uma tentativa do Banco Central de equilibrar o combate à inflação com os impactos da desaceleração econômica.
A incerteza sobre a magnitude da alta dos juros no Brasil e os desdobramentos da política monetária dos EUA formam um cenário complexo para o real, que segue pressionado.
A movimentação de curto prazo do câmbio dependerá diretamente dos sinais emitidos pelo Copom e pelo Fed. Mas, os investidores seguem cautelosos e com a atenção dividida entre Brasília e Washington.