Cautela nas movimentações

Por que o Ibovespa ignorou o rali global e mal saiu do lugar?

Comodities impulsionam gigantes, mas queda dos bancos segura avanço do índice; dólar dispara e juros sobem em meio à cautela doméstica.

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Por que o Ibovespa ignorou o rali global e mal saiu do lugar?
  • Vale e Petrobras impulsionam o índice com commodities em alta, evitando uma queda em meio à instabilidade local
  • Setor bancário cai em bloco, puxando o Ibovespa para baixo mesmo com cenário externo positivo
  • Dólar e juros sobem, refletindo cautela dos investidores com o cenário macroeconômico doméstico

Enquanto Wall Street e as bolsas europeias celebraram com entusiasmo os sinais positivos do acordo comercial entre China e Estados Unidos, o Ibovespa preferiu a cautela. Nesta segunda-feira (12), o principal índice da B3 fechou praticamente estável, com alta de apenas 0,04%, aos 136.563,18 pontos, um avanço tímido de 51,30 pontos.

A euforia lá fora não foi suficiente para embalar a Bolsa brasileira, que oscilou ao longo do dia. Internamente, o mercado local enfrentou uma combinação de fatores: alta do dólar, pressão sobre os juros futuros e quedas generalizadas entre os bancos, que travaram o desempenho do índice.

O dólar comercial avançou 0,43%, chegando a R$ 5,679, refletindo a demanda por proteção cambial em um cenário de incertezas locais. Já os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) subiram em toda a curva, refletindo a percepção de risco e a expectativa de juros mais altos.

Vale e Petrobras sustentam o Ibovespa com commodities em alta

Apesar do clima morno, dois pesos-pesados evitaram uma queda do índice: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3). A mineradora avançou 2,51%, embalada pela valorização do minério de ferro nos mercados internacionais.

Do outro lado, a Petrobras subiu 2,39%, puxada pela alta no preço do petróleo e pela expectativa positiva em relação ao seu balanço do primeiro trimestre de 2025, que será divulgado ainda hoje. O mercado aposta em bons números e na continuidade da distribuição de dividendos robustos.

As petroleiras juniores também aproveitaram a maré positiva. A PRIO (PRIO3) registrou expressivo ganho de 5,15%, seguindo o rastro da Petrobras. PetroRecôncavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3) também fecharam em alta.

Entre os destaques positivos, a Braskem (BRKM5) disparou 6,05% após divulgar resultados acima do esperado no primeiro trimestre. Apesar do cenário internacional ainda desafiador, a companhia conseguiu mostrar evolução operacional e agradou os investidores.

Bancos caem em bloco e impedem alta mais forte

O que impediu o Ibovespa de acompanhar o ritmo global foram as fortes quedas no setor bancário. Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 2,01%, puxando Santander, Banco do Brasil e Bradesco para o vermelho. O movimento reflete uma combinação de realização de lucros após altas recentes e preocupações com margens comprimidas, diante da possibilidade de maior concorrência no setor financeiro e manutenção de juros elevados.

O setor de frigoríficos mostrou desempenho misto. Minerva (BEEF3) subiu 2,22%, enquanto JBS (JBSS3) recuou 1,11%, em meio às flutuações nos preços da carne e aos efeitos cambiais sobre as exportações.

Já entre os destaques negativos, Copel (CPLE6) afundou 2,78%, mesmo após anunciar uma nova estrutura de capital e política de dividendos mais previsível. A reação indica que o mercado esperava medidas mais contundentes para destravar valor.

A ação mais negociada do dia foi PETR4, enquanto BRKM5 liderou os ganhos com alta superior a 6%. Na outra ponta, IRB Brasil (IRBR3) amargou a maior queda do pregão, pressionada por incertezas sobre sua recuperação operacional.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.