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Preço do petróleo dispara com tensão entre EUA e Irã — volume de estoque americano também impacta commodity

Enquanto o impasse nuclear entre EUA e Irã ameaça inflamar o Oriente Médio, cortes nas projeções do Banco Mundial esfriam o otimismo de longo prazo com o petróleo

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O preço do petróleo voltou a subir nesta quarta-feira (11), impulsionado por um novo capítulo nas tensas relações entre Estados Unidos e Irã. Por volta das 09:55, o Brent registrava alta de 1,87%, cotado a US$ 68,12.

A reação acontece depois da entrevista de Donald Trump ao New York Post, onde o presidente americano afirmou estar “menos confiante” na possibilidade de um acordo nuclear com Teerã, o que elevou imediatamente o alerta geopolítico e reacendeu temores de conflito armado na região.

“Trump diz que o encontro é amanhã, Teerã diz que é no domingo, em Omã. Se as negociações falharem e surgir um conflito, o Irã atacará bases americanas na região”, ameaçou o ministro da Defesa iraniano.

A retórica agressiva elevou a tensão no Golfo Pérsico, uma das principais rotas de exportação de petróleo do mundo, e por isso os preços reagem.

Estoques apertados e menor demanda por petróleo

A movimentação dos preços também é influenciada pela expectativa em torno dos dados oficiais de estoques de petróleo nos EUA, que serão divulgados ainda hoje.

O relatório prévio do American Petroleum Institute (API), divulgado ontem, apontou uma queda de 370 mil barris na semana encerrada em 6 de junho, contrariando as expectativas do mercado, que previam um aumento de 700 mil barris.

Já a Agência Internacional de Energia (AIE) divulgou que espera uma queda na produção global de petróleo a partir de 2026, devido à diminuição da atividade de perfuração.

Para este ano, no entanto, a entidade cortou a expectativa de demanda global em 200 mil barris por dia, projetando consumo de 103,5 milhões de bpd.

Banco Mundial joga um balde de água fria

Apesar da euforia momentânea provocada pela tensão geopolítica, o Banco Mundial trouxe um choque de realidade para os investidores.

Em novo relatório divulgado na terça-feira (10), a instituição reduziu significativamente suas projeções para o preço médio do petróleo Brent:

  • US$ 66 por barril em 2025 (ante US$ 72 na previsão anterior);
  • US$ 61 em 2026 (ante US$ 71);
  • E, pela primeira vez, previu US$ 65 por barril em 2027.

O corte nas expectativas é atribuído à combinação entre desaceleração da economia global, tensões comerciais — especialmente provocadas pela política tarifária do próprio governo Trump — e a decisão da Opep+ de ampliar sua oferta mais rapidamente do que o mercado esperava.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.