
- Produção sobe 15,7% e licenciamentos avançam 14,2% sobre junho, com apoio do corte de IPI.
- Setor retoma fôlego internacional, puxado por América Latina e câmbio favorável.
- Montadoras esperam crescimento de até 6% na produção total em 2025.
A indústria automotiva brasileira mostrou forte aceleração em julho, tanto na produção quanto nas vendas de veículos. Os dados divulgados nesta quinta-feira (7) pela Anfavea mostram que o setor reagiu com vigor ao impulso de medidas fiscais e à recuperação gradual do consumo interno.
Desse modo, segundo a entidade, a produção subiu 15,7% em relação a junho, totalizando 237,8 mil veículos no mês. As vendas acompanharam o movimento e avançaram 14,2%, com 243,2 mil unidades licenciadas. O bom desempenho vem em meio a incentivos, como a redução do IPI para veículos populares.
Produção e vendas crescem, mas base anual ainda pesa
Apesar do avanço sobre junho, os números comparados ao mesmo mês de 2024 mostram uma leve retração na produção. O total montado caiu 3,6% na base anual, enquanto os licenciamentos ficaram praticamente estáveis, com alta de apenas 0,8%.
Assim, no acumulado de janeiro a julho, os resultados são mais positivos. A produção cresceu 6,1%, alcançando 1,47 milhão de veículos. Já os emplacamentos subiram 4,1%, totalizando 1,44 milhão de unidades no período.
Portanto, segundo a Anfavea, o programa do governo federal, que reduziu temporariamente o IPI sobre veículos leves, foi um dos motores da reação nas vendas internas. A medida teve efeito direto no preço final dos automóveis e melhorou o ambiente de negócios nas concessionárias.
Exportações disparam e aliviam o setor
As exportações de veículos também surpreenderam em julho. O volume embarcado somou 47,9 mil unidades, o que representa um salto de 22,4% em relação a julho do ano passado. O desempenho ajudou a compensar a base fraca do mercado doméstico no comparativo anual.
Ademais, a recuperação de mercados estratégicos, como Argentina, México e Chile, contribuiu para o avanço das vendas externas. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar aumentou a competitividade dos veículos produzidos no Brasil.
Desse modo, a Anfavea destaca que, apesar das incertezas geopolíticas e das barreiras tarifárias em alguns mercados, o setor automotivo brasileiro vem conseguindo manter sua relevância internacional. A expectativa é que as exportações se mantenham firmes no segundo semestre.
Montadoras mantêm ritmo otimista para o semestre
O desempenho de julho anima as montadoras para o restante de 2025. Com o avanço da produção e o aumento das vendas, o setor começa a recuperar parte das perdas acumuladas durante os últimos dois anos, marcados por pandemia, escassez de semicondutores e juros elevados.
Além disso, a melhora no crédito ao consumidor, com maior oferta de financiamento e taxas mais competitivas, deve apoiar o consumo nos próximos meses. Assim, a Anfavea também aposta na manutenção de incentivos para veículos sustentáveis como alavanca de crescimento.
Por fim, mesmo com a base comparativa mais desafiadora no segundo semestre, a indústria projeta fechar o ano com alta superior a 6% na produção total. As vendas internas devem seguir em trajetória de crescimento moderado, dependendo do ritmo da economia.