
- Os preços de café, frango e carne caíram no Brasil entre julho e agosto.
- O tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos reduziu exportações e aumentou a oferta interna.
- A única exceção foi o setor de pescados, que apresentou alta de 2% no período.
Um levantamento nacional mostrou que itens como café, carne e frango ficaram mais baratos no Brasil entre julho e agosto. O resultado chama atenção porque surge justamente após o tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros, medida que poderia sugerir um movimento contrário no mercado interno.
De acordo com a Scanntech, empresa responsável pela análise, a base utilizada foi de 13,5 bilhões de tíquetes de compra em mais de 60.000 pontos de venda. Os dados revelam que a queda se espalhou por diferentes categorias e trouxe efeito imediato sobre a cadeia de alimentos, abrindo margem para maior consumo doméstico.
O tarifaço e seus efeitos inesperados
O governo de Donald Trump determinou, em 6 de agosto, uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras. A medida combina uma taxa geral de 10% com um adicional de 40%, afetando diretamente produtos exportados para os EUA.
Apesar disso, 694 itens foram excluídos da cobrança completa, o que equivale a 43% do total embarcado em 2024.
Nesse sentido, com o encarecimento das exportações, produtores brasileiros de café e carne reduziram o volume destinado ao mercado norte-americano.
A oferta interna, por consequência, aumentou e pressionou os preços para baixo. Esse movimento surpreendeu analistas, que esperavam impactos mais severos sobre a cadeia local.
Produtos em queda e o que foge da regra
Entre os itens analisados pela Scanntech, o frango foi o que mais se desvalorizou, com queda de 5,7%, passando a custar R$ 17,33 o quilo.
Sendo assim, o café registrou baixa de 4,6%, chegando a R$ 76,40 o quilo, enquanto a carne suína caiu 1,3% (R$ 23,05 o quilo) e a bovina recuou 0,8% (R$ 34,58 o quilo).
Além disso, a única exceção foi o setor de pescados, que contrariou a tendência e apresentou alta de 2% no mesmo período, alcançando R$ 34,43 o quilo.
Desse modo, especialistas avaliam que esse comportamento isolado se deve à menor dependência do setor em relação ao mercado norte-americano.
O cenário para os próximos meses
O recuo dos preços abre espaço para debates sobre competitividade e direcionamento da produção nacional.
Assim, com parte das exportações barradas pelo tarifaço, o desafio dos produtores será encontrar novos mercados ou apostar ainda mais no abastecimento interno.
Então, para os consumidores, a boa notícia é a queda nos preços em um momento de alta sensibilidade no orçamento das famílias.
Por fim, para os exportadores, a incerteza em relação às tarifas norte-americanas adiciona riscos ao planejamento de longo prazo.