- Margem Ebitda de 25% em outubro, crescimento no RASK e melhora na taxa de ocupação das aeronaves
- Alta do dólar para R$ 6 eleva custos da dívida e aumenta o prejuízo líquido
- Apesar da queda no caixa, os recebíveis garantiram uma posição financeira saudável
- Analistas projetam diluição patrimonial e recomendam venda das ações, com preço-alvo de R$ 0,90
A companhia aérea Gol (GOLL4), atualmente em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, divulgou nesta semana números operacionais preliminares de outubro de 2024 que indicam uma melhora em diversos indicadores. Contudo, as ações da empresa registraram forte queda de 7,64% na Bolsa, sendo negociadas a R$ 1,45 às 12h30 desta quarta-feira (27). O principal fator para o recuo é a valorização do dólar, que atingiu a máxima histórica de R$ 6, impactando diretamente o custo da dívida da empresa, grande parte indexada à moeda americana.
Desempenho operacional e financeiro
Os dados revelados pela Gol apontam avanços significativos em sua operação. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita) foi de 25% em outubro, superando a média de 24% registrada no terceiro trimestre de 2024. Além disso, a receita unitária (RASK) cresceu 0,5% no mês, alcançando R$ 44,30, impulsionada por uma melhoria de 0,80 ponto percentual na taxa de ocupação das aeronaves.
Apesar desses resultados positivos, a companhia viu sua posição de caixa cair 5% em relação ao terceiro trimestre, encerrando o mês com R$ 1,8 bilhão. No entanto, os recebíveis subiram 2%, garantindo liquidez estável e considerada saudável, mesmo com os custos relacionados à recuperação de motores de aeronaves.
Impacto do câmbio e dívida crescente
A valorização do dólar em outubro, de 6% frente ao real, aumentou os desafios financeiros da Gol. O prejuízo líquido de R$ 338 milhões e o crescimento de 8% na dívida líquida durante o mês refletem diretamente a desvalorização cambial. A alta do dólar eleva o custo das dívidas da Gol e de outras companhias do setor aéreo, como a Azul (AZUL4), que também registrou queda em suas ações na mesma semana.
Projeções e desafios à frente
Apesar da melhora operacional, analistas permanecem cautelosos em relação ao futuro da companhia. O Bradesco BBI, por exemplo, reiterou sua recomendação de venda para as ações GOLL4. Dessa forma, com preço-alvo de R$ 0,90 até o final de 2025. A justificativa principal é a expectativa de uma significativa diluição patrimonial como parte do plano de reestruturação da empresa no âmbito do Chapter 11.
Além disso, a equipe de research do banco destacou que, embora a Gol esteja entrando na alta temporada no Brasil, os impactos da alta do dólar podem limitar os ganhos esperados com o aumento da demanda nos próximos meses.
Apesar dos sinais de recuperação operacional, a Gol continua enfrentando um cenário desafiador. Contudo, impactado tanto por fatores externos, como a valorização do dólar, quanto por questões internas, como o processo de reestruturação judicial.
O mercado permanece vigilante, aguardando os próximos passos da companhia na busca pela estabilização financeira e pela reconquista da confiança dos investidores.