
- LCIs e LCAs garantem maior retorno líquido no curto prazo por serem isentas de IR.
- CDBs se tornam mais atrativos em prazos longos, devido à tabela regressiva.
- O gross up é essencial para comparar aplicações e escolher a mais rentável.
Quando o investidor abre sua plataforma e se depara com opções em CDB de 100% do CDI e LCI/LCA pagando 90% do CDI, surge a dúvida: qual realmente rende mais? A resposta não é simples, pois depende diretamente do prazo da aplicação e da tributação.
Enquanto os CDBs sofrem a incidência do Imposto de Renda, as LCIs e LCAs são isentas de tributação, o que muda completamente a conta. Assim, mesmo que um CDB prometa rentabilidade mais alta, o retorno líquido pode ser menor em prazos curtos, principalmente nos primeiros meses de aplicação.
Como funciona o CDI e a comparação com a Selic
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) representa a taxa média cobrada em empréstimos de curtíssimo prazo entre bancos. Ele acompanha de perto a Selic, que é a taxa básica da economia. Embora não sejam idênticos, Selic e CDI andam juntos, refletindo alta, queda ou estabilidade dos juros.
Quando um banco oferece CDB a 100% do CDI, ele garante que o investidor receba exatamente a variação dessa taxa. Já uma LCI ou LCA que paga 90% do CDI não chega ao mesmo patamar bruto, mas por ser livre de IR, pode superar facilmente o rendimento líquido do CDB em prazos menores.
Essa diferença só começa a mudar no médio e longo prazo, já que a tributação dos CDBs segue a tabela regressiva, que reduz a alíquota conforme o tempo de aplicação aumenta.
O peso da tabela regressiva do IR
No caso dos CDBs, a tributação funciona assim: até 180 dias, a alíquota é de 22,5%; entre 181 e 360 dias, cai para 20%; de 361 a 720 dias, reduz para 17,5%; e acima de 720 dias, chega ao patamar mínimo de 15%. Ou seja, quanto mais tempo o dinheiro fica aplicado, menor o imposto devido.
Na prática, isso significa que LCIs e LCAs são mais vantajosas em prazos curtos, enquanto o CDB pode começar a competir de forma mais equilibrada em horizontes de dois anos ou mais.
É exatamente essa dinâmica que explica por que muitos investidores de longo prazo optam por CDBs de bancos médios, desde que paguem pelo menos 100% do CDI, enquanto no curto prazo as letras de crédito tendem a vencer a disputa.
Exemplos práticos com R$ 5 mil
Um investimento de R$ 5 mil em CDB 100% do CDI por cinco meses renderia R$ 5.230,87, contra R$ 5.269,16 em uma LCI/LCA de 90% do CDI. A diferença de 14,22% no lucro líquido mostra a força da isenção de IR.
Já em prazos de 10 meses, o retorno líquido do CDB sobe para R$ 5.490,83, contra R$ 5.522,81 da LCI/LCA. A diferença diminui para 6,11%. Em 25 meses, o CDB chega a R$ 6.426,17, enquanto a LCI/LCA alcança R$ 6.498,71, com diferença ainda menor, de 5,5%.
Essa comparação reforça que a vantagem das letras está no curto prazo. Com o passar dos meses, o desconto no IR dos CDBs reduz a distância, deixando a disputa mais equilibrada.
O conceito de gross up e a equivalência real
Para facilitar a comparação entre aplicações tributáveis e isentas, os analistas utilizam o conceito de gross up. Ele consiste em calcular qual seria o rendimento bruto necessário para que uma aplicação com IR tivesse o mesmo retorno líquido de um ativo isento.
No caso das LCIs/LCAs de 90% do CDI com prazo de 5 meses, o gross up mostra que o investidor estaria levando o equivalente a 116,12% do CDI. Ou seja, mesmo parecendo “menor” que o CDB a 100% do CDI, a isenção fiscal garante uma vantagem clara.
Esse cálculo pode ser feito em qualquer situação e se torna essencial para investidores que buscam sempre o maior retorno líquido possível.
Conclusão para o investidor
O estudo com R$ 5 mil aplicados mostra que LCIs e LCAs vencem no curto prazo, enquanto os CDBs ganham fôlego à medida que o prazo aumenta e a tributação diminui. Portanto, a escolha ideal depende do horizonte de investimento e da necessidade de liquidez.
Investidores mais conservadores, que buscam proteção e rendimento imediato, tendem a se beneficiar das letras.
Já aqueles que podem manter o dinheiro aplicado por dois anos ou mais encontram nos CDBs uma boa oportunidade, especialmente quando emitidos por bancos médios que pagam acima de 100% do CDI.