
- Petrobras entregou retorno muito superior em dividendos: R$ 171,9 mil contra R$ 56,2 mil do Banco do Brasil em 10 anos.
- Nos últimos 5 anos, a vantagem também é ampla: R$ 58,1 mil contra R$ 23 mil.
- Petrobras ainda carrega risco político, enquanto o BB mantém solidez, mas com limitações ligadas à sua natureza estatal.
Investidores que buscam viver de dividendos encontram tanto na Petrobras (PETR4) quanto no Banco do Brasil (BBAS3) duas opções tradicionais de fluxo de renda. Embora atuem em setores distintos, as duas companhias dividem o perfil de atrair investidores pelo histórico sólido de distribuição de proventos.
No entanto, uma simulação mostra que quem aplicou na Petrobras acumulou ganhos muito superiores em comparação ao banco ao longo da última década, especialmente com a estratégia de reinvestimento dos dividendos recebidos.
PETR4 x BBAS3: a diferença nos números
Segundo levantamento da Hike Capital, R$ 10 mil investidos em ações da Petrobras em setembro de 2015 teriam se transformado em R$ 171.938 em dez anos, considerando reinvestimento de dividendos. Já no Banco do Brasil, o mesmo valor alcançaria apenas R$ 56.238.
Na média, a estatal entregou 10,8% ao ano em dividendos, contra 9% do BBAS3. O diferencial foi ainda mais expressivo nos últimos cinco anos: R$ 10 mil viraram R$ 58.141 em PETR4, contra R$ 23.036 em BBAS3.
A disparidade reflete a fase recente da petroleira, marcada por desalavancagem, aumento da eficiência e retomada da geração de caixa, que ampliaram sua capacidade de distribuir proventos.
Petrobras: eficiência e pré-sal no centro da estratégia
De acordo com o analista Leonardo Andreoli, a Petrobras passou por um ciclo de transformação após crises de governança e alto endividamento. O processo de desalavancagem permitiu maior foco em eficiência operacional e margens mais robustas.
A companhia hoje mantém produção crescente no pré-sal e controla custos mesmo em meio à volatilidade do petróleo. Isso garante fluxo de caixa elevado e a sustentação de dividendos generosos nos últimos anos.
Contudo, Andreoli alerta que, apesar da atratividade dos números, a estatal continua sujeita ao risco de interferência política em decisões de investimento e distribuição de lucros, o que pode afetar o retorno futuro.
Banco do Brasil: solidez, mas com risco estatal
O Banco do Brasil também figura entre os campeões de dividendos da Bolsa, embora em patamar inferior ao da Petrobras. Nos últimos trimestres, o banco apresentou lucro líquido crescente, com retorno sobre o patrimônio competitivo frente a pares privados.
Segundo Andreoli, a digitalização e o uso de tecnologia ampliaram a eficiência operacional e diversificaram receitas, permitindo resultados consistentes. Além disso, a distribuição de dividendos continua “expressiva” para o investidor de longo prazo.
O risco, porém, segue ligado à condição estatal: decisões de crédito e dividendos podem ser influenciadas por diretrizes governamentais, o que reduz a previsibilidade para investidores que buscam estabilidade em renda passiva.