
- Raízen suspende a Usina Santa Elisa e vende até 3,6 milhões de toneladas de cana por R$ 1,045 bilhão
- Recursos serão usados para reduzir endividamento e reforçar foco em eficiência operacional
- Ação RAIZ4 caiu 1,3% com reação inicial do mercado, mas analistas veem impacto positivo no médio prazo
A Raízen (RAIZ4) informou nesta terça-feira (15) a descontinuação das operações da Usina Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP). Sendo assim, a decisão integra uma estratégia mais ampla de reestruturação e reciclagem de ativos, com foco em eficiência operacional e redução do endividamento da companhia.
Além da suspensão, a empresa assinou contratos para vender até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, entre produção própria e cessão de fornecedores. O valor total da operação pode chegar a R$ 1,045 bilhão. Desse modo, a empresa destinará os recursos à redução da dívida líquida, ainda pressionada após os investimentos intensivos em renováveis e logística nos últimos trimestres.
Ações recuam com receio de impacto operacional
Às 13h44, os papéis RAIZ4 registravam queda de 1,32% na B3. O mercado reagiu com cautela à notícia, temendo impactos de curto prazo na produtividade e na geração de caixa. No entanto, a própria empresa explicou que a usina suspensa estava operando com baixa eficiência e já vinha passando por avaliações internas.
Além disso, a venda de cana inclui contratos com terceiros e a produção remanescente da unidade Santa Elisa, que deixará de operar nesta safra. A São Martinho (SMTO3), uma das principais concorrentes do setor sucroenergético, negociou a compra da cana e a usará em sua usina de Pradópolis (SP).
Essa transferência permitirá melhor aproveitamento logístico da matéria-prima, além de viabilizar o uso de uma planta industrial com capacidade superior. Portanto, com isso ambas as empresas tendem a ganhar escala e eficiência nas respectivas operações.
São Martinho assume área e prevê produção crescente
A São Martinho assumirá cerca de 10.600 hectares em contratos agrícolas. Segundo comunicado, a previsão é colher 600 mil toneladas na safra 2026/27, com crescimento até 800 mil toneladas nos anos seguintes. O investimento estimado é de até R$ 242 milhões, sujeito a ajustes contratuais e aprovação do Cade.
Ademais, analistas do mercado financeiro viram a operação como positiva. O múltiplo da transação, próximo a US$ 53 por tonelada, foi considerado compatível com outras vendas do setor. Além disso, a Raízen reafirma seu compromisso com a racionalização do portfólio e o foco em negócios com maior rentabilidade.
Desse modo, o corte de uma usina considerada menos eficiente libera capital para ativos mais produtivos e pode ajudar a melhorar os indicadores de alavancagem, atualmente superiores a 3 vezes o Ebitda ajustado.
Redução de dívida é prioridade da gestão
A venda dos ativos da Santa Elisa é parte de um plano mais amplo de desalavancagem. Nos últimos resultados trimestrais, a Raízen mostrou forte geração de caixa, mas com aumento da dívida líquida, em função de investimentos em infraestrutura e bioenergia.
Além disso, a empresa vinha sendo cobrada por investidores a entregar medidas mais concretas de controle financeiro. O anúncio desta terça reforça essa intenção e pode abrir espaço para novas operações semelhantes nos próximos trimestres.
Apesar do recuo no pregão, o consenso entre analistas é que a notícia tem efeito positivo no médio prazo. Portanto, a expectativa é que a redução da dívida permita maior fôlego para expansão seletiva e novas parcerias estratégicas no setor de etanol e energia limpa.