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Raízen (RAIZ4) desiste de usina e venda R$ 1 bi em cana para aliviar alto endividamento

Operação envolve grandes players do setor e faz parte da estratégia da companhia para otimizar o portfólio e reduzir dívidas

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A Raízen (RAIZ4) anunciou nesta terça-feira (15), a desativação por tempo indeterminado da Usina Santa Elisa, localizada em Sertãozinho (SP), como parte de sua estratégia de reciclagem de ativos e busca por eficiência operacional.

A decisão vem acompanhada da venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar – entre produção própria e contratos com fornecedores – em uma operação avaliada em aproximadamente R$ 1,045 bilhão.

Segundo a Raízen, o valor será recebido à vista no fechamento da transação e destinado integralmente à redução do endividamento da companhia.

Ativo atrativo

De acordo com o comunicado, o múltiplo implícito da transação é de US$ 53 por tonelada de cana, valor considerado competitivo, especialmente por não incluir o ativo industrial (estrutura da usina em si).

A venda foi firmada com um grupo de tradicionais usinas do setor sucroenergético: Usina Alta Mogiana, Usina Bazan, Usina Batatais, São Martinho, Pitangueiras Açúcar e Álcool e Viralcool. A participação diversificada desses players reforça a atratividade dos contratos cedidos pela Raízen.

A conclusão da operação ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e do cumprimento de demais condições contratuais.

Visão sobre a Raízen

O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) tem uma visão cautelosa sobre a Raízen (RAIZ4), ao observar fortes desafios financeiros após anos de expansão agressiva e alta alavancagem.

Segundo análise do banco, a empresa vive um “descompasso entre crescimento e sustentabilidade financeira”, que exige medidas rápidas e eficazes.

A primeira resposta veio com um plano de investimento mais enxuto e foco na eficiência: a Raízen pretende economizar cerca de R$ 500 milhões no EBITDA (lucro ante impostos, juros e amortizações) anual com cortes em estruturas corporativas e operacionais, ao mesmo tempo em que reforça sua aposta no core business — açúcar, etanol e distribuição de combustíveis.

Para o BB-BI, os movimentos da companhia — venda de ativos, realinhamento estratégico e corte de custos — são acertados. Mas os analistas alertam: os resultados ainda devem demorar a aparecer, dada a complexidade dos ajustes e a necessidade de que eles se concretizem de forma efetiva.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.