
- A Mitsubishi avalia comprar participação na Raízen o que pode aliviar dívidas e reforçar expansão da empresa.
- O movimento favorece Cosan e Shell que buscam parceiro estratégico sem injetar capital próprio.
- A entrada da multinacional japonesa pode redefinir a competição no setor de energia renovável.
O mercado de energia pode assistir a uma movimentação bilionária. Fontes próximas às conversas revelaram que a Mitsubishi avalia comprar uma fatia na Raízen, gigante do setor de açúcar, etanol e energia renovável. A operação ainda está em estágio inicial, mas já desperta forte atenção entre investidores.
A entrada da multinacional japonesa se daria em meio ao esforço da Cosan e da Shell, controladoras da Raízen, para reforçar o capital da companhia. A Cosan busca levantar até R$ 10 bilhões com a transação, reduzindo pressões sobre seu endividamento e oferecendo fôlego para a expansão da subsidiária.
Negociações em andamento
O processo é conduzido com apoio de grandes bancos de investimento. O Itaú BBA assessora a Cosan, o Lazard apoia a Shell e o Citi trabalha diretamente com a Raízen. Nenhuma das partes envolvidas confirmou oficialmente o andamento das tratativas, mas fontes ligadas à negociação afirmam que o interesse da Mitsubishi é real, embora ainda dependa de avaliação interna.
Para a Raízen, o movimento pode representar uma guinada estratégica. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,84 bilhão no primeiro trimestre, elevando a alavancagem para 4,5 vezes o Ebitda. Uma injeção de capital reduziria a pressão e daria mais flexibilidade para retomar projetos parados.
O mercado acompanha de perto porque a entrada de um player global como a Mitsubishi traria não apenas recursos financeiros, mas também tecnologia e acesso a novos mercados. A expectativa é que qualquer avanço na negociação tenha reflexo imediato no preço das ações da Cosan (CSAN3) e da Raízen (RAIZ4).
Consequências para Cosan e Shell
A Cosan, que já vinha vendendo ativos para reforçar o caixa, sinalizou que não pretende injetar recursos próprios na Raízen. O presidente Marcelo Martins afirmou em agosto que prefere a alternativa de atrair um sócio estratégico. O movimento reflete a estratégia de desalavancagem do grupo controlado por Rubens Ometto.
A Shell, por sua vez, mantém foco em diversificação global e busca parceiros para reduzir riscos em operações de maior escala. A entrada da Mitsubishi ajudaria a equilibrar as responsabilidades financeiras entre os sócios, ao mesmo tempo em que reforça o caráter internacional da Raízen.
No curto prazo, a operação pode gerar volatilidade nas ações listadas na B3. Analistas entendem que o mercado reagirá positivamente a qualquer sinal de capitalização, ainda mais se confirmada a participação de um parceiro de peso.
Efeitos no setor de energia
Além do impacto direto sobre a Raízen, a movimentação pode alterar a dinâmica no setor de energia renovável. O ingresso da Mitsubishi fortaleceria a posição da empresa brasileira em biocombustíveis e eletricidade limpa, áreas em que a demanda cresce no Brasil e no mundo.
Ademais, concorrentes podem enfrentar maior pressão competitiva caso a Raízen consiga destravar investimentos com a nova estrutura de capital. Projetos em biogás, etanol de segunda geração e energia solar estão entre os que poderiam ganhar velocidade.
Por fim, esse fortalecimento reforça a leitura de que o setor caminha para uma fase de consolidação, com grandes players disputando espaço em segmentos estratégicos da transição energética.