Reviravolta no mercado financeiro

Ranking: As melhores e piores ações da bolsa em 2024

Expectativas foram desafiadas, e o mercado financeiro enfrentou uma série de reviravoltas, com a alta do dólar, aceleração da inflação.

Ranking: As melhores e piores ações da bolsa em 2024
  • A alteração na meta fiscal do governo gerou alta do dólar, inflação acelerada e aumento das taxas de juros, afetando o mercado financeiro
  • O índice Ibovespa caiu quase 7%, enquanto small caps desvalorizaram cerca de 20%
  • Exportadoras como WEG e Embraer se beneficiaram da alta do dólar, com valorizações expressivas
  • BRF e Marfrig tiveram bons resultados, impulsionados pela alta do dólar e melhora nos preços de venda

O ano de 2024 ficará marcado na história econômica do Brasil como um período de grandes desafios e mudanças inesperadas. O mercado financeiro, tradicionalmente influenciado por diversos fatores internos e externos, foi surpreendido por uma série de acontecimentos que afetaram diretamente as expectativas dos investidores.

A mudança da meta fiscal pelo governo, que passou a adotar uma postura mais flexível em relação ao controle das contas públicas, foi um dos pontos mais polêmicos. Esse movimento, no entanto, gerou uma série de reações no mercado, como a alta do dólar, a aceleração da inflação e o aumento das taxas de juros.

Cenário negativo

De acordo com Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, esse cenário impactou negativamente muitas ações brasileiras, especialmente as listadas no índice Ibovespa (IBOV).

Durante o ano, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) sofreu uma queda significativa de quase 7%. As small caps, ações de empresas com menor capitalização de mercado, também não ficaram imunes à turbulência. Dessa forma, com o índice específico desse grupo de papéis registrando uma desvalorização de cerca de 20%.

Entretanto, nem todos os setores sofreram com essa volatilidade. Em meio à instabilidade, alguns segmentos se destacaram positivamente, conseguindo resistir aos efeitos negativos da crise econômica. E, até apresentando números expressivos de valorização.

Segundo Larissa, empresas que têm suas receitas atreladas ao dólar, como as exportadoras de bens industriais, foram beneficiadas pela combinação de custos de insumos em queda e pela alta da moeda norte-americana.

Ações disparadas

Entre as grandes protagonistas desse movimento estão a WEG (WEGE3) e a Embraer (EMBR3), que viram suas ações dispararem ao longo de 2024.

A WEG, conhecida por sua atuação no setor de equipamentos industriais, teve uma valorização de 48,50% nos últimos 12 meses.

Já a Embraer, gigante do setor aeronáutico, surpreendeu o mercado com uma valorização impressionante de 146,71%. Assim, o que fez dela uma das empresas mais comentadas entre os investidores.

“Embraer foi o grande destaque da bolsa brasileira, com uma alta de mais de 150%, depois de anos difíceis no pós-pandemia e uma fusão frustrada com a Boeing, quando a ação era negociada na casa dos 7 reais”, comentou Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.

Outro setor que se destacou foi o de exportadoras de soft commodities, como papel, celulose e produtos agrícolas. Essas empresas também conseguiram se beneficiar da receita dolarizada e da demanda resiliente por seus produtos. Dessa forma, o que as colocou em uma posição vantajosa no cenário econômico de 2024.

A Suzano (SUZB3), uma das principais players no setor de celulose, viu suas ações valorizar em 8,15% durante o ano. Contudo, refletindo a força desse mercado no Brasil.

Desvalorização

No entanto, nem todas as empresas conseguiram atravessar o ano com bons resultados. As companhias aéreas, por exemplo, foram fortemente impactadas pela alta do dólar e pelos custos dolarizados. Entretanto, que resultou em grandes perdas no mercado de ações.

A Azul (AZUL4) viu suas ações despencarem 79,21%. Enquanto a Gol (GOLL4) sofreu uma queda ainda mais acentuada, com desvalorização de 86,03% até o dia 19 de dezembro de 2024.

Grande performance

Ainda assim, o ano de 2024 foi particularmente positivo para o setor de frigoríficos, que teve uma performance impressionante no Ibovespa.

A BRF (BRFS3) e a Marfrig (MRFG3) lideraram o ranking das ações mais valorizadas do índice, com altas de 90,01% e 70,52%, respectivamente.

A BRF, que passou por um processo de reestruturação e redução de alavancagem, se beneficiou de uma série de fatores, incluindo o aumento do preço do frango e a queda nos custos de produção.

Já a Marfrig, controladora da BRF, também teve um bom desempenho, puxada pelos resultados da sua subsidiária.

“A menor alavancagem da história da BRF, de 0,71 vezes, somada aos bons resultados corporativos, com a melhora no preço de venda do quilo do setor de aves, o menor custo nos insumos de produção e, para coroar, a alta do dólar, fizeram da BRF a segunda colocada em valorização no ano, o que também puxou o desempenho de sua controladora, a Marfrig”, comentou Idean Alves.

Metas fiscais

A mudança nas metas fiscais e o cenário macroeconômico adverso afetaram de forma significativa o desempenho de muitas ações, mas, ao mesmo tempo, alguns setores conseguiram se beneficiar da volatilidade, gerando grandes oportunidades para os investidores mais atentos.

O impacto das mudanças econômicas, a valorização do dólar e as flutuações nas taxas de juros devem continuar a moldar o mercado financeiro brasileiro no futuro próximo, exigindo dos investidores uma maior atenção e adaptação às novas condições.