Projeções atualizadas

Relatório Focus: Inflação, juros, dólar? Veja o que o mercado está enxergando agora

IPCA recua para 2025 e 2026, mas estimativas do PIB pioram; juros e câmbio seguem estáveis nas previsões do mercado.

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  • IPCA projetado para 2025 e 2026 voltou a cair, com expectativa de 5,07% e 4,43%, respectivamente;
  • PIB de 2026 e 2027 teve nova revisão para baixo, enquanto Selic e dólar seguem estáveis;
  • Mercado mantém aposta de Selic a 15% em 2025 pela sexta semana seguida.

As expectativas do mercado para a inflação voltaram a ceder nesta semana, enquanto as projeções de crescimento econômico pioraram para dois dos próximos quatro anos. O novo Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (4), trouxe revisões importantes para os indicadores de IPCA e PIB, mas manteve estáveis as estimativas para câmbio e Selic.

Mesmo com os ajustes nos preços, o mercado segue prevendo juros elevados em 2025, com a Selic mantida em 15% pela sexta semana consecutiva. O dólar, por sua vez, permanece projetado em R$ 5,60 para o ano que vem e em R$ 5,70 nos anos seguintes, refletindo o equilíbrio momentâneo entre pressões externas e fatores domésticos.

Inflação cede, mas ainda preocupa em 2025

Pela segunda semana seguida, os analistas reduziram a estimativa de inflação para 2025 e 2026. O IPCA projetado para o próximo ano recuou de 5,09% para 5,07%, enquanto o de 2026 caiu de 4,44% para 4,43%. Embora os cortes sejam modestos, eles indicam leve melhora na percepção sobre os preços.

Para 2027 e 2028, as projeções permanecem inalteradas, com o mercado mantendo o IPCA em 4,00% e 3,80%, respectivamente. Ainda assim, todas as estimativas seguem acima da meta central de 3%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.

A inflação acima do centro da meta aumenta a pressão sobre o Banco Central, que já sinalizou que deve manter os juros altos por mais tempo. A recente decisão de interromper o ciclo de cortes e segurar a Selic em 15% reflete esse compromisso com a convergência inflacionária.

Mesmo com a tendência de queda, os analistas ainda veem riscos. A resistência dos núcleos de inflação, os preços administrados e a incerteza fiscal seguem como fatores relevantes no radar dos investidores.

PIB de 2026 e 2027 decepciona e é revisado para baixo

As projeções de crescimento econômico sofreram nova deterioração nesta semana. O mercado reduziu a expectativa de PIB de 2026 de 1,89% para 1,88%, enquanto a estimativa para 2027 caiu de 2,00% para 1,95%. A revisão reforça o cenário de estagnação gradual da atividade no médio prazo.

Apesar das quedas, as projeções para 2025 e 2028 foram mantidas em 2,23% e 2,00%, respectivamente. No entanto, mesmo essas estimativas refletem um ritmo de crescimento apenas moderado, insuficiente para impulsionar o mercado de trabalho ou elevar substancialmente a renda média.

Especialistas apontam que os juros elevados e a lentidão das reformas estruturais contribuem para o desempenho tímido. A incerteza política e a falta de clareza sobre o ajuste fiscal também pesam na confiança do setor produtivo.

Diante disso, o ambiente para investimentos continua restrito. Embora algumas medidas como a reforma tributária estejam em curso, seus efeitos práticos devem demorar a surtir impacto sobre o crescimento.

Dólar segue estável mesmo com tensão externa

O câmbio permaneceu estável nas projeções atualizadas do Focus. O dólar segue estimado em R$ 5,60 para 2025 e R$ 5,70 para 2026, 2027 e 2028. Esse comportamento se repete pela segunda semana consecutiva, refletindo um cenário de neutralidade no curto prazo.

Apesar da estabilidade, os riscos não desaparecem. As eleições nos Estados Unidos, o aperto monetário global e os desafios geopolíticos podem mexer com a cotação da moeda em momentos pontuais.

No Brasil, fatores como a política fiscal, a confiança do investidor e o ritmo de entrada de capitais também influenciam o real. Mesmo assim, o superávit da balança comercial e o alto nível de reservas internacionais têm sustentado o câmbio.

Ainda que o dólar não apresente grandes oscilações nas previsões atuais, ele continua sendo uma variável sensível a mudanças internas e externas. Por isso, permanece como peça-chave na condução da política monetária do Banco Central.

Selic estacionada reforça tom conservador do BC

O mercado manteve as projeções para a Selic nos próximos anos. A taxa básica de juros continua estimada em 15,00% para 2025, mantendo-se nesse nível há seis semanas consecutivas. Para 2026, 2027 e 2028, as apostas seguem em 12,50%, 10,50% e 10,00%, respectivamente.

Essa estabilidade reforça a percepção de que o Banco Central deve manter o aperto monetário por mais tempo. A autoridade monetária vem insistindo que o cenário ainda exige cautela, principalmente diante das incertezas fiscais e da desancoragem parcial das expectativas inflacionárias.

O tom conservador da política monetária atual reflete também o cenário externo. Com os juros americanos elevados e a inflação global persistente, os bancos centrais evitam cortes prematuros que possam comprometer seus objetivos.

Nesse contexto, a Selic tende a permanecer elevada até que haja sinais concretos de desinflação e responsabilidade fiscal. Até lá, o custo do crédito seguirá pressionando o consumo e o investimento.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.