
- Senado aprova venda de medicamentos em supermercados, incluindo controlados, em ambiente exclusivo com farmacêutico presente.
- Setor de saúde listado na Bolsa pode sofrer impactos, com redes de farmácias pressionadas e supermercados ganhando espaço.
- A proposta segue para a Câmara e pode redefinir a concorrência no varejo de saúde, com riscos e oportunidades para investidores.
A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou, nesta quarta-feira (17), o projeto que autoriza a venda de medicamentos em supermercados. A medida, defendida pelo setor varejista e pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pode remodelar a dinâmica do mercado de saúde e impactar diretamente empresas listadas na B3.
A Câmara dos Deputados agora analisará a proposta em caráter conclusivo, antes de enviá-la para a sanção presidencial. A mudança abre espaço para concorrência mais ampla e pressiona modelos tradicionais de redes de farmácias.
O que muda com a proposta
O texto permite que supermercados instalem farmácias próprias ou terceirizadas, desde que sigam normas da vigilância sanitária e contem com farmacêuticos em tempo integral. A medida inclui desde medicamentos sem prescrição até os de controle especial.
Porém, a lei proíbe que os remédios fiquem expostos em gôndolas comuns. Logo, os produtos deverão ser mantidos em espaços exclusivos, o que busca reduzir o risco de uso indiscriminado. Ainda assim, analistas alertam para maior facilidade de acesso a remédios sensíveis.
Desse modo, essa mudança atende a uma demanda antiga de redes supermercadistas, que veem na venda de medicamentos um novo vetor de receita, principalmente em meio à competição crescente com grandes redes de farmácias.
Impactos esperados no setor de saúde
Com a decisão, redes farmacêuticas listadas na Bolsa, como Raia Drogasil (RADL3) e Pague Menos (PGMN3), podem enfrentar maior concorrência. O movimento pode comprimir margens e exigir expansão de serviços de valor agregado, como clínicas populares e telemedicina.
Já para supermercados, a aprovação pode abrir uma frente estratégica de crescimento. Além disso, grupos como Carrefour (CRFB3) e GPA (PCAR3) teriam potencial para aumentar o ticket médio por cliente, aproveitando o fluxo diário das lojas.
No médio prazo, investidores avaliam que a medida pode gerar volatilidade nas ações do setor de saúde. Portanto, o efeito imediato pode ser de pressão sobre farmácias, mas a adaptação pode redefinir o mercado e abrir oportunidades para quem conseguir escalar esse novo canal.
Resistência e ajustes no texto
Apesar do apoio do governo e do varejo, o setor farmacêutico criticou a proposta. Representantes alegam que a liberação pode levar ao uso indiscriminado e prejudicar pequenos estabelecimentos.
Ademais, o relator, senador Humberto Costa (PT-PE), ajustou o texto para conter resistências. Ele determinou que medicamentos de controle especial só possam ser liberados em embalagem lacrada, após o pagamento.
Ainda assim, entidades do setor consideram que o projeto traz risco de transformação radical no consumo de medicamentos, o que exigirá fiscalização rigorosa. Por fim, a reação do mercado será acompanhada de perto pelos investidores.