
- Peso caiu de 4,4% para 4,1% e pode recuar mais com a nova revisão.
- Seguradora lidera para inclusão; Natura e Ultra enfrentam ameaça de saída.
- Reequilíbrio pode favorecer emissores do México, Chile e Colômbia.
A revisão de agosto do índice MSCI LatAm promete alterar o equilíbrio entre os países da região e colocar o Brasil em desvantagem. A atualização será divulgada no dia 7 e passa a valer no pregão do dia 27, afetando diretamente os fluxos de fundos passivos globais.
Segundo o Bank of America, essa reestruturação deve incluir exclusões relevantes, possíveis adições e ajustes no peso relativo do Brasil. O país já perdeu espaço nos últimos meses e pode continuar em trajetória descendente, afetando ações de referência da B3.
Brasil perde espaço e pode seguir em queda
O relatório do BofA Global Research aponta que o Brasil tem perdido participação no MSCI Emerging Markets Index, caindo de 4,4% para 4,1% em apenas dois meses. Essa redução reflete o baixo desempenho do mercado local e os efeitos de medidas externas, como as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos.
Além disso, a economia brasileira tem enfrentado pressão adicional por conta da volatilidade política e do fraco crescimento. A tendência de queda no índice global deve se refletir também no MSCI EM Latin America, dada a forte presença do Brasil na composição do subíndice regional.
Se confirmadas algumas eliminações previstas para agosto, o peso relativo do Brasil pode cair ainda mais. Isso abriria espaço para outros países latino-americanos ganharem representatividade no MSCI LatAm, como Chile, Colômbia ou México.
Porto Seguro lidera chances de inclusão
A seguradora Porto Seguro desponta como a principal candidata brasileira a entrar no MSCI Brasil. Caso confirmada, sua inclusão também garantirá entrada no índice MSCI EM LatAm. A capitalização da empresa já ultrapassa em 76% o limite exigido e seu free float atende aos critérios estabelecidos.
Caso a Porto Seguro seja incorporada, os fundos passivos precisarão ajustar suas posições. Analistas estimam compras equivalentes a quatro dias de volume médio de negociação. Esse movimento pode gerar valorização pontual nas ações da companhia.
No entanto, outras empresas também estão sob análise. A Copel, por exemplo, atende aos requisitos de capitalização, mas ainda não alcança o nível mínimo de free float. Já a Stone, apesar de cumprir os critérios principais, enfrenta restrições por estar listada nos EUA.
Natura e Ultra estão ameaçadas
Do lado oposto, Natura e Grupo Ultra são apontadas como mais vulneráveis à exclusão. Ambas estão abaixo do limite mínimo global de capitalização ajustada, caindo no chamado “buffer inferior” do índice. Isso aciona o alerta automático para remoção.
Caso essas exclusões se concretizem, os fundos passivos devem realizar vendas estimadas em três dias de negociação para Natura e cinco dias para Ultra. Isso pode aumentar a volatilidade das ações e pressionar ainda mais os preços no curto prazo.
O BofA ressalta que essas movimentações seguem critérios objetivos. A metodologia do MSCI exige capitalização mínima, liquidez e nível de free float superior a 15%. Empresas que não atendem esses requisitos ficam sujeitas à exclusão periódica.
Nomes em observação para futuras revisões
Além dos casos mais imediatos, o relatório destaca empresas que podem entrar no radar para futuras inclusões. A chilena Mallplaza, por exemplo, vem mostrando avanço em liquidez e tamanho de mercado. Já a Ecopetrol, da Colômbia, ultrapassa com folga a capitalização exigida, mas seu free float limitado impede a elegibilidade.
O BofA também menciona que o MSCI adota regras mais rígidas para emissores com baixa dispersão acionária. Isso continua sendo um obstáculo para várias empresas da região. No entanto, ajustes pontuais podem reabrir portas em revisões futuras.
Analistas locais seguem atentos a cada movimentação, já que mudanças nos índices influenciam o interesse de investidores institucionais. Por isso, a revisão de agosto promete ser decisiva para o reposicionamento do Brasil na carteira latino-americana.