Crise corporativa

Rombo de R$ 10 bi: Ambipar (AMBP3) trava guerra contra bancos e mercado entra em pânico

Medida cautelar da companhia expõe risco de recuperação judicial, derruba ações em mais de 40% e faz bonds afundarem a níveis históricos.

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Foto: Divulgação/Ambipar
Foto: Divulgação/Ambipar
  • Ambipar entrou com pedido de cautelar pré-recuperação judicial, alegando risco de rombo de R$ 10 bilhões.
  • Bonds da empresa despencaram para 13% do valor de face; ações caíram mais de 40% na bolsa.
  • Companhia acusa o Deutsche Bank de exigir garantias indevidas e busca negociar saída com credores.

O mercado financeiro amanheceu em choque com a decisão da Ambipar (AMBP3) de entrar com um pedido de cautelar contra credores. A medida, conhecida como pré-recuperação judicial, visa proteger a companhia de um efeito cascata que poderia antecipar vencimentos e abrir um rombo de até R$ 10 bilhões em suas contas.

A decisão foi deferida pelo juiz Leonardo Castro de Gomes, que concedeu à empresa uma blindagem temporária de 30 dias. Nesse período, ficam suspensas cláusulas que poderiam acelerar o pagamento das dívidas e levar a companhia a um colapso financeiro.

O que motivou a medida da Ambipar

A Ambipar, representada pelos escritórios Galdino Advogados e Salomão Advogados, alegou que contratos com cláusulas de cross-default, vencimento cruzado, poderiam antecipar obrigações em todas as suas operações financeiras.

Assim, segundo a empresa, algumas instituições já notificaram a intenção de declarar o vencimento imediato de dívidas e executar garantias. Isso poderia gerar um passivo bilionário em curtíssimo prazo.

Desse modo, a situação se agravou após a assinatura de um empréstimo de US$ 35 milhões com o Deutsche Bank, que elevou a exposição da companhia a cerca de US$ 550 milhões junto à instituição. Além disso, a Ambipar acusa o banco de exigir garantias adicionais sem respaldo contratual, o que teria consumido mais de R$ 200 milhões de caixa nos últimos dias.

Impacto no mercado e nos bonds

A resposta dos investidores foi imediata. Os bonds da Ambipar, emitidos em dólar, desabaram para a faixa de 13% a 16% do valor de face nesta quinta-feira, após operarem a 40% no dia anterior. Na bolsa, as ações da companhia chegaram a cair mais de 40% logo na abertura.

Além disso, esse movimento confirma a desconfiança do mercado em relação à saúde financeira da companhia. Há semanas, analistas já apostavam na necessidade de uma reestruturação mais profunda, diante da forte desvalorização de seus títulos.

Portanto, o cenário ainda pressiona a percepção sobre a governança da Ambipar, que vinha sendo considerada uma referência em gestão de resíduos e sustentabilidade. Agora, a crise expõe riscos que investidores vinham ignorando.

O que esperar da Ambipar daqui para frente

Com a liminar, a Ambipar tenta ganhar fôlego para negociar diretamente com os credores e evitar uma recuperação judicial formal. A empresa afirma estar empenhada em encontrar um acordo viável para equacionar seus compromissos financeiros.

No entanto, especialistas alertam que a pressão dos investidores pode aumentar. Ademais, a forte queda nos bonds e ações indica desconfiança sobre a capacidade da companhia de se recuperar apenas com medidas paliativas.

Por fim, o prazo de 30 dias da proteção judicial é curto, e caso não haja avanços nas negociações, a Ambipar pode se ver obrigada a pedir recuperação judicial de fato, um passo que impactaria ainda mais a confiança no setor.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.