
- GPA despencou 8% após rebaixamento do Citi para venda
- Passivo fiscal e guerra promocional pressionam margens e caixa
- Alta de 50% no ano pode ter precificado recuperação além do esperado
O GPA (PCAR3) viveu uma reviravolta nesta terça-feira (30). Após acumular mais de 50% de alta no ano, as ações despencaram quase 9% depois de o Citi rebaixar a recomendação de neutra para venda. O banco também cortou o preço-alvo de R$ 3,40 para R$ 2,80, citando riscos fiscais e desafios estruturais.
O relatório acendeu um alerta para investidores que apostavam na recuperação do grupo. O passivo tributário elevado, apenas parcialmente renegociado, e mudanças no comportamento do consumidor criam obstáculos relevantes para o futuro da varejista.
Pressão fiscal e operação em xeque
O Citi destacou que o GPA ainda enfrenta desafios expressivos ligados ao passivo fiscal. Apesar disso, reconheceu avanços da gestão, como a redução de despesas administrativas e comerciais.
Esse corte veio de iniciativas como a mudança para uma sede menor e a adoção de um orçamento base-zero disciplinado, que deve continuar nos próximos trimestres.

Além disso, o banco projeta evolução no capital de giro e maior liquidez com a venda de ativos. No entanto, ressalta que essas medidas não eliminam o risco de pressão de caixa diante de um passivo robusto que continua pesando no balanço.
Mudança no consumo e impacto nas margens
Outro ponto destacado é a mudança de comportamento dos consumidores. Hoje, há uma migração das compras grandes e esporádicas para aquisições menores e frequentes, movimento que favorece a bandeira Pão de Açúcar em detrimento das lojas Minuto.
Apesar desse fator positivo, a concorrência promocional mais agressiva e o aumento dos descontos podem reduzir margens.
Segundo o Citi, a expectativa é de que o SSS avance 5,1% em 2025 e 4,4% em 2026, mas com compressão relevante da rentabilidade.
Projeções e próximos passos
O Citi revisou para baixo o EBITDA do GPA, em 70 a 80 pontos-base para 2025 e 2026. Ainda assim, manteve visão otimista de longo prazo, apostando na agenda de eficiência da companhia e em medidas para mitigar o aperto das margens.
Para o mercado, no entanto, a mensagem foi clara: mesmo com valorização expressiva em 2025, o momento pede cautela.
O desempenho recente já teria precificado boa parte da desalavancagem e do otimismo com a recuperação operacional.