
- Morgan Stanley rebaixa recomendação da CSN Mineração para “venda”, com preço-alvo de R$ 5,30, abaixo do valor atual
- Preços do minério devem cair até 2029, pressionados por excesso de oferta e menor demanda chinesa
- Projeto Itabirito P15 sofre novo adiamento e pode comprometer o fluxo de caixa e o valuation da companhia
O Morgan Stanley provocou forte reação no mercado ao rebaixar a recomendação das ações da CSN Mineração (CMIN3) de “neutra” para “venda”. Dessa forma, disparando um alerta vermelho sobre o desempenho futuro da empresa.
O banco americano também reduziu o preço-alvo para R$ 5,30, representando um potencial de queda de 4% em relação ao fechamento anterior. Com isso, os papéis da mineradora caíram 5,4%, encerrando o dia cotados a R$ 5,24, e passam a acumular uma desvalorização de 2,2% nos últimos 12 meses.
O principal motivo para o rebaixamento é o cenário adverso para o mercado global de minério de ferro, cuja dinâmica atual pressiona os resultados da empresa.
De acordo com o relatório assinado pela analista Eugenia Cavalheiro, o excesso de oferta da commodity no mercado internacional, aliado à demanda enfraquecida da China. E, à entrada em operação da gigantesca mina Simandou, na Guiné, colocará pressão nos preços do minério até 2029. O Morgan Stanley prevê uma média de US$ 100/t em 2025 e US$ 95/t em 2026, abaixo dos US$ 110/t estimados para 2024.
Atrasos e fluxo de caixa negativo preocupam
Além da deterioração do cenário externo, o banco expressou preocupações com a execução do plano de expansão da CSN Mineração. O projeto Itabirito P15, que promete adicionar 16,5 milhões de toneladas por ano à produção da empresa, foi adiado novamente, desta vez para o quarto trimestre de 2027.
Este é o quarto adiamento consecutivo do projeto, originalmente previsto para 2023. Segundo o Morgan Stanley, o novo cronograma compromete o modelo de valuation da empresa e pode afetar a atratividade da ação no médio e longo prazos.
Outro ponto sensível é o modelo de pré-pagamento de contratos utilizado pela CSN Mineração. Que, apesar de garantir liquidez imediata, reduz a conversão do EBITDA em fluxo de caixa livre.
O banco estima que o yield de fluxo de caixa livre da companhia será de -9% entre 2025 e 2027. Contudo, indicando que a mineradora poderá queimar caixa mesmo apresentando lucro contábil.
Lucro em queda até 2027
Com base nas novas projeções, o Morgan Stanley espera um lucro por ação de R$ 0,24 em 2025, R$ 0,27 em 2026, R$ 0,19 em 2027. E, ainda, uma recuperação para R$ 0,68 em 2028, sinalizando anos difíceis antes de uma possível retomada.
Apesar do tom pessimista, o banco reconhece que alguns fatores poderiam mitigar os riscos. Como, uma demanda chinesa maior do que o previsto, atrasos na expansão da mina Simandou. Além de uma execução eficiente do plano de crescimento da CSN Mineração, além de um eventual enfraquecimento do real frente ao dólar.
A CSN Mineração, avaliada atualmente em R$ 28,6 bilhões na B3, enfrenta um momento decisivo. Com as ações sob pressão, os próximos meses serão cruciais para a mineradora reconquistar a confiança do mercado. E, dessa forma, mostrar que pode entregar crescimento sustentável, mesmo diante de um cenário externo desafiador.