Momento duro?

Selic a 15%: mercado vê juros altos até 2026 — veja o que isso significa para a economia e seu bolso

Bancões apontam que juros deve durar mais do que o esperado e manter crédito caro, consumo freado e investimento em renda fixa aquecido

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Juros do rotativo de cartoes subiu para 326 ao ano em marco
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A taxa Selic, elevada para 15% ao ano na última quarta-feira (18) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), deve durar nesse patamar durante 2025 todo. É o que aponta os analistas de mercado, ao digerir a mensagem firme do BC de que os juros devem permanecer nesse patamar por um período “bastante prolongado” — o que, na prática, joga qualquer perspectiva de corte apenas para 2026.

O Goldman Sachs avalia que o Banco Central está pronto para manter a Selic em 15% até pelo menos o primeiro semestre de 2026. Segundo o banco, a sinalização foi “inteligentemente elaborada” para evitar que o mercado comece a antecipar cortes, o que poderia minar o efeito do aperto monetário.

Já o UBS BB projeta que a Selic só deve começar a cair em abril de 2026, com cortes graduais de 0,5 ponto percentual por reunião. O banco destaca que o uso da expressão “bastante prolongado” reforça a mensagem de que não há cortes à vista antes do fim de 2025.

O relatório também afirma que a decisão ajuda a manter o câmbio estável e favorece o real frente ao dólar — o banco calcula o “valor justo” da moeda americana em torno de R$ 5,25.

O Itaú compartilha uma visão semelhante: a Selic deve ficar parada em 15% até o início de 2026, quando deve começar um ciclo de cortes que pode somar até 2 pontos percentuais. Mas o banco ressalta que a trajetória depende de dois fatores-chave:

  • Valorização do real, que ajuda a conter a inflação;
  • Crescimento acima do esperado, que pode adiar qualquer afrouxamento monetário.

Como Selic impacta na prática?

Com juros a 15%, o impacto na economia e no seu bolso é direto:

Crédito e consumo:
  • Financiamentos, empréstimos e cartão de crédito permanecem mais caros, desestimulando o consumo.
  • Empresas reduzem planos de expansão por causa do custo do capital, o que pode frear a geração de empregos.
Investimentos:
  • Renda fixa se mantém atrativa: títulos como Tesouro Selic, CDBs e fundos DI oferecem rendimentos altos.
  • A poupança continua pouco competitiva, rendendo cerca de 8,17% ao ano, ainda abaixo da inflação projetada.
Inflação:
  • A estratégia é segurar os preços, mas o efeito da Selic é de médio a longo prazo. O alívio no custo de vida não será imediato.
José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.