
- CDBs chegaram a render até 14,56% ao ano, mas sofreram com tributação
- LCAs venceram CDBs na maioria dos prazos, beneficiadas pela isenção de IR
- Diferença em 3 anos pode ultrapassar R$ 200 no retorno líquido
Com a Selic mantida em 15% ao ano, julho foi um mês lucrativo para quem apostou na renda fixa bancária. Levantamento da Quantum Finance mostra que CDBs e LCAs chegaram a entregar retornos anuais próximos de 14,5%, garantindo até R$ 546 de lucro líquido em seis meses para quem investiu R$ 10 mil.
Apesar da força dos CDBs mais curtos e mais longos, as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) levaram vantagem na maioria dos prazos. O motivo não está apenas na taxa oferecida, mas na isenção de Imposto de Renda, que garante rendimento líquido mais alto mesmo quando a taxa nominal é menor.
Pós-fixados: vantagem para as LCAs
Em julho, foram emitidos 2.231 papéis pós-fixados, sendo 922 CDBs e 1.309 LCAs. Entre os CDBs, apenas os títulos de três meses e de 36 meses pagaram, em média, acima do CDI. Um CDB de três meses gerou R$ 274,87 líquidos para um aporte de R$ 10 mil, enquanto o de 36 meses chegou a R$ 14.828,89.
Já as LCAs pós-fixadas superaram os CDBs em quase todos os prazos. Em seis meses, uma LCA média rendeu 89,14% do CDI, mas, sem imposto, entregou R$ 10.643,40 líquidos — mais que os R$ 10.549,75 de um CDB similar. Em prazos longos, a diferença também foi expressiva: no vencimento de 24 meses, a LCA pagou R$ 12.917,99 contra R$ 12.710,36 dos CDBs.
Para o investidor, isso significa que, mesmo com taxas nominais menores, o efeito da isenção de IR torna as LCAs mais competitivas. Esse cenário reforça a importância de olhar para o retorno líquido e não apenas para a taxa oferecida no momento da aplicação.
Prefixados: vantagem ampliada
Nos títulos prefixados, a vantagem das LCAs foi ainda mais evidente. Considerando a média de remuneração, elas superaram os CDBs em todos os prazos avaliados. A diferença foi mais acentuada nos vencimentos de três anos, com ganho adicional de R$ 214,17 para quem optou pela LCA.
A explicação está no impacto da tributação sobre os CDBs. Mesmo com a alíquota de IR caindo para 15% nos prazos mais longos, o desconto reduz o ganho efetivo. Um CDB de 36 meses pagou R$ 13.816,00 líquidos para R$ 10 mil aplicados, enquanto uma LCA similar chegou a R$ 14.030,47.
Para comparar de forma justa, especialistas usam o cálculo do gross up, que ajusta a taxa de títulos isentos para um equivalente tributado. Nesse exercício, uma LCA de 11,18% já igualaria o retorno líquido de um CDB de 13,16%, mostrando como a isenção amplia o rendimento real.
Atrelados à inflação: disputa equilibrada
Nos papéis indexados ao IPCA, os CDBs de prazos curtos levaram vantagem. Em 12 meses, um título IPCA+9,50% garantiu R$ 11.145,93, contra R$ 10.810,00 de uma LCA equivalente. No entanto, a vantagem mudou de lado nos prazos maiores.
A partir de 24 meses, as LCAs retomaram a liderança. Em três anos, o retorno líquido de uma LCA atrelada à inflação foi de R$ 13.643,07, superando os R$ 13.528,46 de um CDB. Esse desempenho mostra que, no longo prazo, a tributação continua sendo o fator decisivo para o investidor.
Assim, para quem busca proteção contra a inflação, as LCAs também se consolidam como alternativa interessante, especialmente para aplicações superiores a um ano. O efeito composto da isenção de IR aumenta o ganho real ao final do investimento.
O que isso significa para o investidor
O levantamento reforça a importância de olhar além da taxa bruta ao escolher um investimento. Em grande parte dos casos, as LCAs entregaram retorno líquido superior aos CDBs, mesmo com remunerações nominais menores.
Ademais, para quem investiu em julho, os ganhos já estão contratados, mas o cenário de Selic elevada mantém as perspectivas positivas para a renda fixa bancária nos próximos meses.
Por fim, diante da comparação, o investidor que prioriza liquidez e retorno líquido deve considerar a relação entre prazo, taxa e tributação. Com isso, é possível maximizar o rendimento e aproveitar ao máximo o atual ciclo de juros altos.