
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informa nesta quarta-feira (18), às 18h, a decisão para o futuro da taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 14,75% ao ano — o maior patamar em quase duas décadas. A decisão ainda é incerta e o mercado não consegue chegar em um consenso se a taxa sobe, se mantém ou desce.
Segundo pesquisa realizada pelo próprio Banco Central com mais de 130 instituições financeiras, a maior parte dos analistas aposta na interrupção do ciclo de alta dos juros, que já soma seis aumentos consecutivos desde setembro de 2024.
A desaceleração recente da inflação, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio mostrando números mais favoráveis, alimenta a esperança de que o pior do processo inflacionário tenha ficado para trás.
“O IPCA de maio dá esperança de que talvez o pior já tenha passado. Vemos oscilações com viés de baixa, e estimamos que o IPCA de 2025 fechará em 5,30%”, analisa Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners. “Por isso, acreditamos que o Copom deve manter a Selic em 14,75% ao ano pelo menos até o final de 2025.”
Por outro lado, alguns bancos, como o C6 Bank, projetam um novo aumento da Selic para 15%, justificando a medida pelo cenário atual marcado por expectativas de inflação desancoradas — ou seja, acima das metas —, atividade econômica resiliente e pressões no mercado de trabalho.
O banco ressalta que o Copom precisa reforçar uma política monetária contracionista até consolidar a queda da inflação e a ancoragem das expectativas.
“A decisão do Copom é uma das mais difíceis dos últimos tempos”, afirma Tiago Sbardelotto, economista da XP, que destaca o cenário ambíguo dos dados econômicos.
“Enquanto indicadores de atividade, como mercado de trabalho e vendas no varejo, continuam fortes, as expectativas de inflação futura permanecem acima da meta”, completa.
Sbardelotto explica que os dados recentes de inflação são relativamente positivos, influenciados pela melhora nos preços dos bens industrializados e pela valorização do real frente ao dólar — que saiu de R$ 6 no início do ano para cerca de R$ 5,50. No entanto, essa combinação gera um quadro de incertezas para o Comitê.
“Quando analisamos todos esses indicadores juntos, não temos uma direção clara sobre qual será o próximo passo do Banco Central”, conclui o economista.
Outro fator que contribui para a indefinição é a comunicação cautelosa do Banco Central. Declarações recentes do presidente Gabriel Galípolo e de diretores da instituição não deixaram claro se haverá alta ou manutenção da taxa na reunião desta quarta-feira.