
- Goldman Sachs vê ciclo do frango mais atrativo e recomenda compra de MBRF3 e JBS (JBSS32)
- Cenário externo melhora com retirada de tarifas nos EUA e retomada de habilitações para China e Europa
- Investimentos e limitações de capacidade reduzem risco de excesso de oferta no curto prazo
A projeção da ABPA para 2026 trouxe novo fôlego para o debate entre investidores sobre o setor de proteínas. A entidade estima alta de 2% na produção de frango e de 3% na carne suína, números que seguem alinhados ao ritmo global medida pelo USDA.
Esse equilíbrio entre oferta e demanda reforçou, segundo o Goldman Sachs, a percepção de que o ciclo pode entrar em um ponto de virada, especialmente no segmento de frango, onde produtores já detectam mudanças relevantes na capacidade e na produtividade.
Mercado discute possível inflexão no ciclo do frango
Os analistas observam que o aumento na alocação de matrizes nos EUA e no Brasil sugere um movimento inicial de expansão. Entretanto, as limitações de capacidade e a menor taxa estrutural de eclosão ainda restringem a oferta.
Além disso, as maiores taxas de mortalidade mantêm a produtividade pressionada e induzem uma racionalização mais cuidadosa. Como resultado, o Goldman avalia que o balanço entre produção e demanda tende a se estabilizar nos próximos meses.
Mesmo que a Seara tenha anunciado R$ 475 milhões em novos projetos, parte de um pacote público de até R$ 1 bilhão, o banco estima que o aumento efetivo de capacidade levará mais de um ano para acontecer, limitando riscos imediatos de excesso de oferta.
Impacto sobre margens e projeções para BRF e Seara
Nas projeções internas, o Goldman prevê deterioração gradual de rentabilidade para MBRF (MBRF3) e Seara, com quedas de até 240 pontos-base em 2026. Isso acompanha a expectativa de preços de commodities 150 pontos-base menores.
Contudo, o banco reforça que a demanda global segue firme e que a substituição parcial da carne bovina deve ajudar a sustentar resultados acima da média. Dessa forma, o fluxo de caixa livre tende a permanecer saudável.
Assim, o segmento de frango desponta como o mais atrativo no horizonte de 2026, levando o Goldman a reiterar recomendação de compra para MBRF3 e para as ações da JBS listadas em NY, incluindo o BDR JBSS32, com preço-alvo de R$ 99.
Cenário externo melhora e favorece frigoríficos brasileiros
O Bank of America ressaltou que os “ventos comerciais” ficaram mais favoráveis. Isso porque os EUA retiraram tarifas de 50% sobre a carne bovina brasileira, movimento que tende a ampliar exportações e beneficiar frigoríficos locais.
Além disso, a Tyson fechou uma planta, reduzindo em 8% a capacidade de abate nos EUA, o que demonstra disciplina do setor e pode dar sustentação aos preços. Paralelamente, a China suspendeu a proibição de frango brasileiro e a União Europeia retomou o pre-listing, abrindo portas para novas certificações.
Para o BofA, os efeitos combinados fortalecem a competitividade do Brasil, elevam preços em mercados premium — como a China, que paga 28% de prêmio pelo frango brasileiro — e ampliam a diversificação das exportações.