Prejuízo

Shell perde US$ 600 milhões após desistir de usina de biocombustíveis em Roterdã

Gigante do petróleo acumula US$ 1,4 bilhão em perdas ligadas ao projeto cancelado e aposta no GNL.

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  • Shell cancela usina de biocombustíveis em Roterdã e perde US$ 600 milhões
  • Perdas totais do projeto chegam a US$ 1,4 bilhão
  • Companhia reforça aposta em GNL e refino tradicional

A Shell anunciou que terá um prejuízo de US$ 600 milhões no terceiro trimestre de 2025 após desistir de construir uma usina de biocombustíveis em Roterdã. Com isso, o total de perdas e provisões relacionadas ao projeto chega a US$ 1,4 bilhão.

O empreendimento, aprovado em 2021, previa capacidade de 820 mil toneladas por ano. No entanto, a companhia cancelou a construção em setembro alegando falta de competitividade.

Abandono da transição verde

A decisão da Shell segue o movimento de outras petroleiras que têm recuado em seus planos de expansão em energias renováveis. Em fevereiro, a BP anunciou cortes nos investimentos verdes, e a norueguesa Equinor também reduziu suas metas no setor.

Sendo assim, segundo analistas, a pressão por rentabilidade rápida e os custos elevados em projetos de transição energética têm levado as gigantes a priorizar negócios tradicionais.

Portanto, o cancelamento em Roterdã representa uma reversão significativa do discurso ambiental assumido pela Shell há poucos anos.

Aposta no gás natural

Apesar das perdas com biocombustíveis, a Shell revisou para cima suas projeções de produção de gás natural liquefeito (GNL). A expectativa agora é de um volume entre 7 milhões e 7,4 milhões de toneladas no terceiro trimestre, acima da previsão anterior.

A companhia também prevê aumento na margem de refino, que deve atingir US$ 11,6 por barril, contra US$ 8,9 no trimestre passado. Nesse sentido, o resultado reflete o foco maior em combustíveis fósseis diante da instabilidade global.

Além disso, a Shell informou que busca parceiros ou compradores para ativos químicos, setor que deve registrar prejuízo no trimestre.

Impactos no Brasil

No Brasil, a Shell reportou efeito adicional de US$ 200 milhões a US$ 400 milhões por ajustes em sua participação nos campos de Tupi, refletindo dados atualizados dos reservatórios.

Ademais, segundo a empresa, esse impacto faz parte do “curso normal dos negócios” e não altera sua visão estratégica para o país.

Por fim, o movimento aumenta a pressão sobre a petroleira, que precisa equilibrar os custos da transição energética com a manutenção de margens robustas em seus negócios centrais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.